Antes de fugir para os Estados Unidos, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, acusado de comandar a milícia digital que propaga discurso de ódio nas redes em prol do presidente, pediu "intervenção militar" ao tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, chefe da Ajudância de Ordem da Presidência e assessor de Jair Bolsonaro.
Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo teve acesso ao depoimento prestado por Mauro Cid à Polícia Federal no último dia 11 e foi confrontado com a mensagem trocada por Whatsapp com o blogueiro.
"Indagado a respeito da mensagem do dia 20/04/2020 no aplicativo Whatsapp, na qual Allan dos Santos enviou mensagem ao declarante sugerindo a necessidade de uma intervenção militar, o declarante respondeu "já te ligo". O que o declarante disse a Allan dos Santos?, disse que acredita que não realizou a ligação", diz trecho do depoimento.
Em outra mensagem, datada do dia 26 de abril, Allan dos Santos teria enviado ao militar ‘que não via solução por vias democráticas’, quando Bolsonaro enfrentava crise com a saída do ministro da Justiça Sérgio Moro, acusando o presidente de tentar interferir no comando da PF. Cid respondeu novamente: "Já te ligo". Mas, em depoimento à PF, disse novamente não ter efetuado a ligação.
Allan ainda sugeriu ao assessor de Bolsonaro o uso "urgente" das Forças Armadas contra os atos antifascistas.
"Indagado sobre a mensagem do dia 31/05/2020, onde Allan dos Santos envia um link de reportagem sobre grupos denominados 'antifas'. No dia seguinte, o declarante responde airmarndo: 'Grupos guerrilheiros/terroristas. Estamos voltando para 68, mas agora com o apoio da mídia'. Allan dos Santos afirma: 'As FFAA precisam entrar urgentemente'. O declarante responde: 'Opa!'. Indagado sobre o sentido da resposta 'Opa' nesse diálogo, respondeu que a expressão 'Opa!' não está relacionada com as mensagens anteriores, mas apenas a uma saudação, como, por exemplo, Bom dia", diz trecho do depoimento à PF.