Do lucro ao crescimento recorde registrados nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT), a Embraer foi dinamitada a partir de 2017, com Michel Temer, e ameaça implodir nas mãos de Jair Bolsonaro, que autorizou em janeiro de 2019 a venda para a estadunidense Boeing, que desistiu do acordo no último fim de semana, deixando a empresa brasileira de mãos abanando.
Com prejuízo registrado de R$ 224,3 milhões e abandonada em meio à pandemia do coronavírus, que colocou em colapso o mercado de aviação no mundo, a Embraer pede socorro ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para evitar a falência, segundo o jornal O Globo desta terça-feira (28).
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Citando um interlocutor, o jornal diz que a situação da Embraer é "gravíssima", mas por se tratar de uma empresa estratégica, tanto do ponto de vista de defesa nacional quanto comercial, o governo brasileiro deve tomar providências para evitar uma falência.
A negociação para a chamada "fusão", iniciada por Temer e concretizada por Bolsonaro, pode ter sido uma estratégia da própria Boeing, que ainda não listou quais seriam os motivos para desistir do acordo, diante do crescimento da empresa aérea brasileira, que chegou a ocupar a terceira posição no mercado mundial em 2018, atrás da própria Boeing e da Aribus.
Na época em que ocorria a negociação entre as duas empresas, o valor da Embraer era de US$ 3,7 bilhões. A Boeing ofereceu US$ 4,8 bilhões. Hoje, o valor da Embraer está em torno de US$ 1,1 bilhão.
Com a desistência da Boeing, o governo brasileiro, que tem a ação Golden Share - com poder de veto - deve arcar com o prejuízo e iniciou negociações informais com o BNDES. A avaliação é que a empresa precisará de tempo para se recuperar porque as encomendas de aeronaves deverão ser reduzidas com a crise.
Em 2009, durante o governo Lula, a empresa vendeu 248 aeronaves e obteve lucro líquido de R$ 912 milhões. Em 2012, no governo Dilma, foi a empresa que mais cresceu, entre as maiores exportadoras brasileiras (17,6% em relação a 2011), com a venda de 221 aviões.