Em entrevista ao Fórum Café nesta segunda-feira (19), o professor Felipe Milanez, do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), comparou o genocídio indígena promovido pelo governo Jair Bolsonaro ao que foi cometido pelos bandeirantes durante o Brasil colonial e afirmou que o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), age como um "pistoleiro" ao atacar lideranças indígenas, como Sônia Guajajara.
"O Exército Brasileiro está liderado por pistoleiros. O que é o general Heleno atacando a Sônia Guajajara? Esse cara é um pistoleiro. Ele funciona como um pistoleiro, como aqueles bandos armados do passado, que inclusive tinham o nome de milícia. Não é por acaso que os Bandeirantes eram chamados de milícias, porque entravam armados no interior do Brasil para caçar indígenas e buscar ouro. É a mesma coisa que esses caras estão fazendo hoje", afirmou.
Milanez também compara o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com o bandeirante paulista Manuel de Borba Gato, que lidera milícias armadas em busca de ouro no interior do estado.
"O Salles é um Borba Gato. Ele é um bandeirante, um caçador de indígenas, de pedras preciosas, de soja. Ele é uma figura que se repete na História do Brasil. Ele é um paulista daqueles de 1.600, que escravizava Guarani, que saia andando pelo rio Tapajós em buca de ouro. É a mesma coisa agora. Ele sai de São Paulo e vai pro Tapajós em busca de ouro", disse o professor.
Para ele, os integrantes do governo Bolsonaro remetem a "monstros do passado". "[Salles] É um figura deplorável. Esses monstros do passado, como foi o Borba Gato, e esses monstros da atualidade, como é o Salles e o Bolsonaro, têm que ser derrotados".
Milanez diz ainda que, assim como no passado, a política predatória do meio ambiente se iguala ao servilismo colonial, de remeter lucros para o exterior.
"Como no passado, esse dinheiro foi para a Inglaterra, foi para a coroa. Não ficou nem aqui. Ficou um pouco para essa elite estúpida. É algo muito parecido com o que a gente vive, se reproduzindo como um sistema. Um sistema de exploração colonial onde esse país nada mais é que uma empresa explorada pelos fundos de investimentos internacionais".
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