Produtores de soja, que apoiam versão de Bolsonaro sobre queimadas, saem de associação do Agro: Ongs têm "voz e poder"

“A Abag estava denegrindo os produtores de soja”, afirmou presidente da Aprosoja, Bartolomeu Braz, usando termo racista. Ruralista classificou como "excelente" discurso ambiental de Bolsonaro na ONU

Bolsonaro com Bartolomeu Braz Pereira e Antônio Galvan, respectivamente, presidente e vice da Aprosoja Brasil (Divulgação/Aprosoja)
Escrito en POLÍTICA el

Menos de 10 dias depois de sair em defesa do discurso ambiental de Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, anunciou a saída da entidade da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) causando racha entre ruralistas.

Braz Pereira creditou a saída dos sojicultores da Abag à "voz e poder" que ONGs ambientais terial na associação do agronegócio. “A Abag estava denegrindo os produtores de soja”, afirmou Braz, usando termo racista, segundo o Valor Econômico. “Queremos mostrar o que acontece de verdade no campo”.

Segundo Fabrício Rosa, diretor da Aprosoja, as críticas referem-se principalmente à Moratória da Soja, um pacto pelo qual as tradings deixaram de comprar a oleaginosa produzida em áreas desmatadas na Amazônia depois de 2008. “A moratória passa uma imagem distorcida. Foi criada uma ilusão de que a agropecuária vai destruir a Amazônia. E isso nem é possível, e que a lei não permite”, disse.

Em nota assinada por seu presidente, Marcello Brito, a Abag lamentou a decisão da Aprosoja Brasil. “Nossa credibilidade, ação pela sustentabilidade, legalidade e atuação apolítica do Agro nacional no Brasil e no exterior é histórica e dispensa comentários”.

Excelente
A decisão da Aprosoja acontece menos de 10 dias depois de o presidente da associação, Braz Pereira, classificar como "excelente" o discurso ambiental de Bolsonaro na ONU.

Em indireta à Abag e no mesmo tom de Bolsonaro, ele disse que existem “associações que estão amparando essas ONGs nesse modelo de levar essa imagem ruim do país para fora”.

“Eu queria saber qual o setor que consegue zerar a taxa de criminalidade no mundo? O desmatamento ambiental ilegal é 1% no Brasil. São questões de politicagem interna para prejudicar o Brasil”, afirmou.

Na mesma linha de Bolsonaro, Pereira critica a “falta de transparência” dos europeus. “Falta transparência do lado dos europeus, principalmente os franceses. Os franceses não têm mais competitividade. Eles desmataram muito e agora têm que defender seus próprios produtores atacando outras áreas”.

Com informações do Globo Rural