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Militares no comando de ministérios, perseguição à imprensa, ataques às universidades, nepotismo, aparelhamento de órgãos do governo, censura da cultura, discurso policialesco e anti-comunista. Em qualquer livro escolar de Ensino Fundamental seriam essas as características básicas para descrever a ditadura militar brasileira e tantas outras que se espalharam pela América do Sul entre os anos 60 e 80.
Estes aspectos, no entanto, estão sendo observados em 2019 no governo Jair Bolsonaro, cuja nuance autoritária foi minimizada por um bom tempo pela imprensa tradicional brasileira, que agora, passados quase oito meses de governo, tem mudado a postura de tentar pintar um cenário democrático no país e não consegue mais esconder o teor ditatorial de Bolsoanaro.
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Neste sábado (17), os principais veículos de comunicação do país destacam mandos e desmandos do presidente que derrubam qualquer tese de que a democracia estaria sólida no Brasil. O jornal Estadão, por exemplo, mancheta na capa de sua edição impressa que a intervenção de Bolsonaro gera crise na Receita e na Polícia Federal. A Folha de S. Paulo, por sua vez, destaca em seu site que a interferência do capitão da reserva na troca do comando da Polícia Federal no RJ pode motivar uma demissão coletiva de delegados. Já o portal G1, da Globo, dá destaque para o fato de que Bolsonaro anunciou que o governo não vai financiar filmes com temática LGBT.
A crise na Polícia Federal se dá pelo fato de que o presidente determinou a demissão do Ricardo Saadi, até então superintendente da PF do Rio de Janeiro. Ao comentar a demissão, Bolsonaro afirmou que "que quem manda sou eu" e ainda aventou a possibilidade de nomear para o posto um nome "amigo", Alexandre Saraiva, que comanda a PF no Amazonas.
Já na Receita a indignação está no fato de que Bolsonaro determinou a demissão Mário Dehon, chefe do órgão no Rio de Janeiro, devido ao fato de que ele se recusou a nomear delegados estaduais indicados pelo clã Bolsonaro. Funcionários do órgão anunciaram repúdio à exoneração e encampam uma mobilização que pode resultar em greve.
A intervenção na área da Cultura ficou clara quando, em julho, o capitão da reserva informou que a Agência Nacional de Cinema (Ancine) seria extinta caso não tivesse "filtro" - que, neste caso, é o mesmo que censura. Esta semana, Bolsonaro concretizou seu autoritarismo para com a área quando anunciou que a agência não vai financiar três produções com temática LGBT que tentam captar recursos.
A eliminação da oposição, discurso típico dos regimes fascistas, foi explicitada na última quarta-feira (14) durante passagem do presidente pelo Piauí, quando afirmou que pretende "varrer" os "comunistas" e "vermelhos" do país. A fala gerou repúdio entre parlamentares de partidos de esquerda.
Com relação às universidades, o ataque é contínuo desde que o governo anunciou um corte nos recursos destinados às instituições públicas motivado pela "balbúrdia" que elas promoveriam. No mês passado, Bolsonaro foi ainda além e interferiu diretamente na extinção de um vestibular específico para LGBTs na Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Isso sem falar, ainda, do constante ataque de Bolsonaro à imprensa, cujo ápice se deu quando aventou a possibilidade de prender o jornalista Glenn Greenwald, e de sua postura abertamente nepotista por indicar seu próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a vaga de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. O presidente chegou a dizer que, se pode dar o "filé mignon" para seu filho", vai dar.
Na última quarta-feira (14), a escalada autoritária do governo Bolsonaro foi o tema do programa Fórum 21, que contou com a participação do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA).
Assista.
https://youtu.be/zSilhRVQW4M