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A decisão da Agência Nacional de Cinema, a Ancine de Jair Bolsonaro, de cancelar a exibição do filme “A Vida Invisível”, prevista para esta quarta-feira (11), causou indignação no diretor Karim Aïnouz. A produção, inscrita para a disputa do Oscar 2020 e com a participação de Fernanda Montenegro, seria exibida como parte de um programa de capacitação de servidores e contaria com um debate.
Aïnouz publicou um texto em sua página no Facebook, no qual classifica a medida de “censura”. O diretor também critica Bolsonaro por suas políticas de aniquilamento da cultura nacional.
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Veja íntegra do texto:
Foi com muito PESAR e INDIGNAÇÃO que recebi ontem a notícia de que “A Vida Invisível”, escolha nacional para o Oscar 2020 e o qual assino a direção, foi impedido de ser projetado em um evento de capacitação para servidores da ANCINE. Digo PESAR, pois é triste testemunhar os desdobramentos de uma política TÓXICA e COVARDE, perpetrada por um governo CATASTRÓFICO, que põe DELIBERADAMENTE em xeque a CULTURA de um país tão abundante quanto o nosso. Digo INDIGNAÇÃO, porque as ameaças serão APENAS ameaças e porque acredito, faço e continuarei fazendo de tudo para que a cultura circule à revelia dos que se apequenam e temem seu poder emancipador. Infelizmente já vi esse filme antes.
Não há meias-palavras para a CENSURA – velada ou não – e para o ANIQUILAMENTO da cultura. Não há meias-palavras para um governo do ÓDIO, do BOICOTE, do DESMONTE e da MORTE. Não há meias-palavras para uma política COVARDE que tenta se escorar na própria INCAPACIDADE e IGNORÂNCIA. Não há meias-palavras para a DESINFORMAÇÃO DELIBERADA e a MENTIRA como tática de um governo IRRESPONSÁVEL que se agarra nas beiras de tudo que é FALSO.
A “Vida Invisível” faz parte de uma safra filmes que estão servindo como prova inconteste de que o fomento à cultura tem frutos grandiosos. Os filmes nacionais lançados na última década têm tido uma belíssima trajetória nos festivais internacionais e nas bilheterias. Eles têm representado a diversidade do Brasil de maneira poderosa e positiva.
A ameaça à vida do setor é CRIMINOSA, não só nos termos da importância da indústria pujante que é o cinema nacional hoje, gerando milhares de empregos, mas também e, principalmente, se entendermos a importância crucial que a cultura exerce na sociedade. A cultura é o que nos possibilita acreditar na dignidade coletiva. Ela desarma o horror.