A Meta, empresa proprietária das redes sociais Facebook e Instagram, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o perfil "gabrielar702", atribuído à esposa de Mauro Cid, foi criado com um e-mail do tenente-coronel e ex-faz-tudo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além disso, o perfil "gabrielar702" está vinculado ao e-mail "maurocid@gmail", pois, para criar um perfil no Instagram, é obrigatório validá-lo por e-mail. De acordo com informações do Google, o endereço de e-mail foi criado em 2005 com a data de nascimento de Mauro Cid.
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Nas informações fornecidas pela Meta ao STF, é revelado que o perfil "gabrielar702" tinha um grupo de mensagens com os perfis de Paulo Cunha Bueno, integrante da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, e Eduardo Kuntz, advogado de Marcelo Câmara, que foi preso na semana passada acusado de obstrução de justiça.
Mauro Cid nega que tenha usado as redes sociais. Áudios divulgados pela revista Veja e atribuídos a Cid mostram o tenente-coronel se queixando da condução da delação premiada.
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Caso fique confirmado que, sim, Mauro Cid se comunicou com outros réus por tentativa de golpe, isso pode configurar quebra de acordo e Cid perder os benefícios do acordo que fez com a Justiça.
Moraes determina prisão de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na quarta-feira (18) a prisão do ex-assessor especial da Presidência da República, Marcelo Costa Câmara, que atuou durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a decisão de Alexandre de Moraes, o ex-assessor especial da Presidência da República, Marcelo Costa Câmara, descumpriu as medidas cautelares impostas no inquérito que investiga a organização criminosa que arquitetou e tentou implementar um golpe de Estado.
Além disso, Moraes afirmou que o comportamento de Câmara revela "completo desprezo por esta Suprema Corte e pelo Poder Judiciário".
Em sua determinação, o ministro Alexandre de Moraes destacou que informações prestadas pela defesa de Câmara apontam o descumprimento das medidas cautelares, incluindo o uso de redes sociais — seja de forma direta ou indireta — e o contato com outros investigados no caso.
Moraes também determinou a abertura de um inquérito contra o advogado de Marcelo Câmara, Eduardo Kuntz, suspeito de obstrução de justiça por manter contato com Mauro Cid por meio de um perfil no Instagram atribuído à esposa de Cid. O ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro teria usado esse perfil para se comunicar com outros investigados no inquérito sobre o golpe.
"A tentativa, por meio de seu advogado, de obter informações sigilosas do acordo de colaboração premiada de Mauro César Barbosa Cid indica o perigo gerado pelo estado de liberdade do réu Marcelo Costa Câmara, em uma tentativa de embaraçar as investigações," declarou Alexandre de Moraes em sua decisão.
O ministro também determinou um novo depoimento de Mauro Cid.
Advogado de Cid diz que mensagens divulgadas pela Veja são “sacanagem da defesa de Bolsonaro”
O tenente-coronel Mauro Cid afirmou à Polícia Federal nesta sexta-feira (13) que a viagem de sua família aos Estados Unidos teve como objetivo a comemoração do aniversário de 15 anos de sua sobrinha. Segundo sua defesa, a viagem já estava programada e as passagens de retorno ao Brasil estão marcadas para o dia 20 de junho. A declaração faz parte da estratégia da defesa para afastar suspeitas de tentativa de fuga do país, levantadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Cid prestou depoimento à PF por cerca de três horas, em Brasília. Ele foi convocado após a prisão do ex-ministro Gilson Machado e após a realização de buscas em sua residência na manhã desta sexta-feira.
Mensagens suspeitas associadas à esposa
Durante o interrogatório, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro também foi questionado sobre mensagens atribuídas a um perfil de rede social supostamente usado por sua esposa. As mensagens, reveladas pela revista Veja, indicariam que Cid compartilhou com amigos informações sigilosas de sua colaboração premiada com a Polícia Federal.
Nas mensagens atribuídas ao perfil @gabrielar702, o autor escreve em primeira pessoa, alegando ter se sentido pressionado durante os depoimentos à PF, e afirma que os investigadores teriam como objetivo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Defesa de Cid nega autenticidade das mensagens
O advogado de Cid, Cezar Bitencourt, classificou o episódio como uma armação e afirmou à Folha de S.Paulo que a delação continua válida. “Foi tranquilo, o acordo está de pé. Foi uma sacanagem que a defesa do Bolsonaro fez”, declarou. Em petição enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Bitencourt sustentou que o perfil não pertence nem nunca pertenceu a Mauro Cid, e que o conteúdo das mensagens é completamente falso. “Trata-se, portanto, sem sombra de dúvida, de uma falsidade grotesca e produzida para servir de prova no processo penal, sujeita, em tese, a sanções previstas no art. 347, § único, do Código Penal”, escreveu.
STF pode investigar perfil suspeito
A defesa de Cid solicitou ao STF a abertura de uma investigação para apurar a titularidade do perfil @gabrielar702. “Mauro César Barbosa Cid reitera, mais uma vez, que cumpriu todos os termos de sua colaboração premiada, inclusive quanto ao sigilo e às cautelares impostas em substituição à prisão”, afirmou Bitencourt.
Bolsonaro reage e pede anulação da delação
Após a publicação da reportagem da Veja, Jair Bolsonaro reagiu nas redes sociais, afirmando que a delação de Cid “deve ser anulada”. “Braga Netto e os demais devem ser libertos imediatamente. E esse processo político disfarçado de ação penal precisa ser interrompido antes que cause danos irreversíveis ao Estado de Direito em nosso país”, escreveu o ex-presidente.
Líder do PT reage
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), classificou como "grave" a afirmação do advogado de Mauro Cid, de que a defesa de Jair Bolsonaro teria manipulado as mensagens atribuídas a Cid e divulgadas em um perfil do Instagram.
"O ponto mais grave, no entanto, foi a acusação direta a Jair Bolsonaro: segundo Cid, o ex-presidente teria manipulado o conteúdo das mensagens extraídas de seu celular, editando trechos e suprimindo contextos para criar uma narrativa falsa e favorável a si próprio. Essa adulteração teria sido divulgada publicamente com o objetivo de desacreditar a investigação e confundir tanto a opinião pública quanto o STF para obter a anulação do acordo de delação premiada de Cid", declarou Lindbergh Farias.
Para o líder do PT na Câmara, Bolsonaro atua para "induzir erro no processo penal": "Trata-se, segundo a defesa de Cid, de uma tentativa deliberada de induzir erro no processo penal — o que configura fraude processual, conforme o artigo 347, parágrafo único, do Código Penal, por se tratar de falsificação com finalidade de uso perante autoridade judicial. Em outras palavras: Cid sustenta que Bolsonaro não só participou da trama golpista, como também tentou forjar provas para se proteger das consequências penais."
Com informações do UOL