ENTREVISTA

Ação 'vitimista' e 'covarde' de intimidação, diz vereadora do PT processada por Gilson Machado

Ao Fórum Onze e Meia, Kari Santos comentou sobre ser alvo de segundo processo movido por ex-ministro de Bolsonaro

Vereadora Kari Santos (PT), de Recife.Créditos: Câmara Municipal de Recife
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A vereadora de Recife, em PernambucoKari Santos (PT), esteve no Fórum Onze e Meia desta terça-feira (17) para comentar sobre o processo movido contra ela pelo ex-ministro do Turismo de Jair Bolsonaro (PL), Gilson Machado, após compartilhar um vídeo em suas redes sociais em que chama o bolsonarista de "prisioneiro do diabo".

Kari publicou o vídeo logo após Machado ser preso pela Polícia Federal (PF), na sexta-feira (13), sob suspeita de auxiliar na emissão de um passaporte para o ex-tenente-coronel Mauro Cid, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. 

“O sanfoneiro do diabo acabou de ser preso, em plena ‘sexta-feira 13’. Sanfoneiro do diabo não, é prisioneiro do diabo. Agora vai lá, Gilson Machado, me processa de novo”, disse Kari no vídeo. “Tem gente dizendo por aí que tu não vai ter São João, mas já tem a sanfona, e o xadrez já garantiu”, acrescentou a vereadora. 

À Fórum, Kari afirmou que acredita que Machado tenha um problema pessoal, já que ela é a única processada por repercutir a matéria - e esta ser a segunda vez em que é alvo de um processo movido pelo bolsonarista. Para a vereadora, ela ser "terrivelmente petista" e "ter ligação com o presidente Lula" são motivos para que Machado a tenha como alvo. 

A vereadora acrescentou que o processo é uma "cortina de fumaça" da extrema direita em relação ao julgamento de Bolsonaro e outros réus no STF. "A gente sabe que a extrema direita trabalha muito com cortina de fumaça. Então, eu acredito que esse processo movido contra mim é uma forma de criar uma cortina de fumaça pelo fato dele [Gilson Machado] ter sido preso pelo ministro Alexandre de Moraes", disse.

"Também acredito que seja uma cortina de fumaça diante da situação de Bolsonaro que  sentou no banco dos réus e que vai ser responsabilizado pela trama golpista", acrescentou Kari. 

A vereadora ainda afirmou que ser mulher, nordestina e uma parlamentar combativa contra a extrema direita também são fatores que levaram aos dois processos como forma de tentar silenciá-la e intimidá-la. "Também acredito que esse processo se dá dentro de um processo vitimista e covarde de utilizar o poder judiciário para tentar me intimidar", declarou.  

Kari declarou que, como a extrema direita está de olho nas eleições para o Senado na tentativa de formar maioria para concentrar mais poder diante do Executivo, a ação judicial é uma forma de "tentar polarizar" e se "vitimizar" diante desse processo. Como é uma vereadora local com alcance nas redes sociais, ela vê essa movimentação da extrema direita como uma estratégia para "tentar arrancar algum benefício diante desse processo". 

"Liberdade de expressão" da extrema direita

Kari também falou sobre o discurso de "liberdade de expressão" tão defendido por bolsonaristas e afirmou que a extrema direita tem uma liberdade de expressão "seletiva". 

"Eles podem chamar Lula de bandido, de corrupto, atacar ministro do STF, atacar a honra, a imagem, fazer injúria, difamação, calúnia contra integrantes do Governo Federal e quando tem uma pessoa que faz o enfrentamento para poder dizer que não vai ser só a direita que vai ocupar os espaços, vem com processo judicial para tentar intimidar, silenciar e fazer com que a minha voz não tenha alcance", comentou a vereadora. 

"Então, é uma uma liberdade de expressão seletiva. Quando eles querem atacar a esquerda, a liberdade é ampla, e quando a esquerda trabalha a retórica, a liberdade de expressão é reduzida", ressaltou. 

Valorização da cultura periférica

Outro debate levado por Kari foi a valorização da periferia como forma de combater o avanço da extrema direita na dimensão cultural da luta. Para a vereadora, é essencial se atentar à cultura periférica, onde os jovens se sentem no processo de representatividade. Kari argumentou que esse olhar é o que falta para a esquerda para intensificar a luta contra o fascismo e a extrema direita. 

"Eu acho que o que falta na esquerda, para além desse enfrentamento ao fascismo e à extrema direita, é estar na ponta, dentro das periferias, dentro da comunidade, fazendo esse diálogo, tentando entender o cotidiano dessas pessoas para saber de que forma a gente deve se comunicar", defendeu. 

Antes de ser eleita vereadora, Kari utilizava as redes sociais como um instrumento de sua militância. "Esse processo eleitoral que eu passei se deu muito através das redes sociais enquanto comunicadora popular", contou. A vereadora ainda acrescentou que seu mandato está com um projeto para fomentar a formação de novos comunicadores populares através da ampliação do diálogo nos territórios de Recife. 

Confira a entrevista completa da vereadora Kari Santos (PT) ao Fórum Onze e Meia

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