A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (13), no Recife, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, de 57 anos. A prisão foi motivada por uma investigação que apura a tentativa de facilitar a concessão de um passaporte português ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O mandado foi cumprido pela PF na capital pernambucana, e Machado foi conduzido à Superintendência da corporação, no bairro do Pina, para prestar depoimento.
A investigação foi iniciada a pedido da Procuradoria-Geral da República no último dia 10. Segundo a PGR, há elementos que indicam que Machado teria atuado para viabilizar de forma irregular a cidadania europeia de Mauro Cid. No celular de Cid, foram encontrados documentos datados de janeiro de 2023 relacionados ao pedido de nacionalidade portuguesa.
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A prisão ocorreu apenas um dia após Gilson acompanhar Bolsonaro em compromissos políticos no Rio Grande do Norte, reforçando a proximidade entre os dois.
Trajetória
Machado integrou o núcleo duro do bolsonarismo durante o governo e ocupou diferentes cargos estratégicos. Ele presidiu a Embratur, foi secretário de Ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente e assumiu o Ministério do Turismo entre 2020 e 2022.
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Antes da política, sua trajetória incluiu experiências heterodoxas: é médico veterinário, atuou no setor hoteleiro e ganhou fama como sanfoneiro da banda de forró Brucelose, que está entre as atrações previstas para se apresentar no São João 2025 de Caruaru, no Agreste pernambucano, no dia 24 de junho.
Em 2018, Machado tentou concorrer ao Senado com o nome “Gilson Sanfoneiro”, mas teve a candidatura vetada por seu então partido, o Patriota. Nas eleições de 2022, foi derrotado na disputa pelo Senado, e em 2024 tentou, sem sucesso, a prefeitura do Recife, ficando em segundo lugar.
Em uma transmissão ao vivo em 2020, ao lado da então ministra Damares Alves, ele atacou a peça “O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu”, fazendo comentários homofóbicos. Gilson chegou a dizer que impor uma visão sexual diferente à maioria cristã seria “abominável” embora não tivesse 'nada contra quem utiliza orifício rugoso'.
Durante a pandemia, quando o Brasil já somava cerca de 50 mil mortos por Covid-19, Machado protagonizou a situação constrangedora em que quem tocou “Ave Maria” em uma live de Bolsonaro. O sanfoneiro também foi um dos primeiros a defender publicamente o golpismo de Bolsonaro quando este divulgou, em 2021, uma carta recuando em ataques ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo Gilson à época, o gesto teria sido um “cheque-mate” estratégico para fortalecer o planos do então presidente.