O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aproveitou a entrevista à Folha de S.Paulo no último sábado (14) para mandar um recado direto ao governador paulista Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que já é considerado pelo pai, Jair Bolsonaro (PL), como nome mais forte para herdar seu espólio eleitoral como candidato anti-Lula em 2026.
Na entrevista, o filho "01" do ex-presidente traçou um perfil do candidato a ser apoiado pelo clã e colocou como fator inegociável a concessão de um indulto ao pai e que tenha capacidade de manter essa decisão mesmo com a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a medida presidencial.
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"Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz a composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá. Certamente o candidato que o presidente Bolsonaro vai apoiar vai ter que ter esse compromisso, sim", disse o senador.
Na sequência, Flávio afirma que esse compromisso tem que ser firmado com indicações de que será cumprido, mesmo que à força. No entanto, ele sinaliza que a aposta é em alguém que possa "fazer uma pessoa insana como o Alexandre Moraes voltar à normalidade, não achar que é o dono do Brasil, que tem a própria Constituição" e que convença os demais ministros da corte para fazer com que o algoz do clã "não continue sendo o dono dos votos de outros ministros, como parece".
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"É um candidato que possa resgatar a democracia", disse Flávio. Indagado sobre quem teria esse perfil, ele não cita nomes, mas ressalta que eria uma pessoa com "habilidade para fazer com que as coisas voltem à normalidade".
"Mais uma vez: estou disposto a ser um canal aberto para pensar junto o que fazer e insistindo que o caminho honroso é a anistia", ressalta.
Aliados próximos do presidente avaliam que a sinalização foi clara a Tarcísio de Freitas, único que tem ponte direta - via Michel Temer (MDB) - com Moraes e que teria "habilidade" de conduzir um indulto a Bolsonaro sem reviravolta na corte.
Tarcísio também conta com bom trânsito no Centrão e na terceira via, que une a mídia liberal e a Faria Lima, que apostam todas as fichas que ele levará a pauta de interesse econômico dos financistas - que também seduz a maioria do Supremo - de volta ao Planalto.
“Com o Tarcísio, a questão do indulto possivelmente estaria resolvida. Tarcísio é a única pessoa que tem credibilidade suficiente para que o Supremo acredite que um governo de direita não vá continuar com essa perseguição e por outro lado, que consiga do Supremo que um eventual induto presidencial seja respeitado”, disse "um dos principais interlocutores de Bolsonaro no meio jurídico" à coluna de Malu Gaspar, no jornal O Globo.
Conta ainda a favor de Tarcísio a boa colocação nas pesquisas de intenção de votos e a adesão "espontânea" da mídia liberal, que esconde a política higienista do governador paulista na segurança pública para ressaltar os feitos privatistas.
Esse interlocutor citou como exemplo a intermediação feita por Tarcísio junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para livrar Jorge Seif (PL-SC) da cassação do mandato por abuso de poder econômico, já que o senador catarinense recebeu apoio da Havan, de Luciano Hang, para ser eleito.
Na entrevista, Flávio Bolsonaro ainda acena a Tarcísio dizendo que ele e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) - caso volte dos EUA -, além de Michelle Bolsonaro (PL), sairiam candidatos ao Senado. Neste domingo (15), Carlos Bolsonaro (PL-RJ) também admitiu a candidatura ao Senado por Santa Catarina.
Indagado se o clã apoiaria uma chapa sem alguém da família, o "01" afirmou que "tem que perguntar para o dono da franquia, que é o Bolsonaro", o "dono da marca".
Mas, mostrou-se simpático às especulações de uma chapa com a ex-primeira-dama como vice. "Aliados falam que uma chapa Michelle-Tarcísio de Freitas seria imbatível, ou Tarcísio-Michelle", coloca a Folha, que faz parte do lobby pró governador paulista.
"Pode ser de cima, de frente, de trás, de lado. É uma chapa imbatível", diz.