O Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (12) recebeu a comentarista política Andréa Gonçalves, que comentou sobre os principais assuntos do cenário político brasileiro, como a discussão entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) durante audiência na Câmara dos Deputados.
Nesta quarta-feira (11), Haddad compareceu à Câmara, onde foi atacado por Nikolas e pelo deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que após os ataques se retiraram da audiência. Em seus discursos, ambos os deputados divulgaram dados errados sobre a economia do país, de acordo com o ministro, e depois saíram do plenário sem ouvir os esclarecimentos. Andréa aponta que essa postura dos bolsonaristas é proposital justamente para render cortes nas redes com desinformação. A intenção dos deputados é "lacrar" para gerar engajamento nas mídias sociais.
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"Eles não têm compromisso com a verdade, eles não têm compromisso com a política, eles não têm compromisso com a democracia. Eles estão ali para fazer do Congresso Nacional um picadeiro, um 'showzinho', um 'espetáculozinho' barato para soltar o seu opioide para as pessoas através dos cortes ridículos que desinformam, que propagam ódio, mentira e muita desinformação", afirma Andréa.
Ela acrescenta que como os deputados bolsonaristas não têm como combater os dados oficiais, eles" começam a ir para cima e tentar desestabilizar o mensageiro". "É isso que eles fazem nas redes sociais, é isso que eles fazem no Congresso Nacional. E a grande pergunta que fica é: até quando os presidentes das casas do Congresso Nacional vão aceitar um tipo de situação dessa?", questiona Andréa.
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"Isso não é política, isso é molecagem, como o próprio Fernando Haddad disse. Isso é papel de moleque. Até quando isso vai ser tolerado? É uma vergonha", completou a comentarista.
Andréa ainda comentou sobre o papel dos veículos de jornalismo progressista e de quem produz conteúdo nas redes sociais no combate à desinformação propagada por bolsonaristas. Ela argumenta que o governo, sozinho, não vai conseguir enfrentar todo o aparato da extrema direita, e enquanto eles continuarem pautando os assuntos nas redes sociais e conseguindo vencer os debates no sentido de maior visibilidade, será "muito difícil vencer".
A comentarista ressalta, porém, que essa é uma situação progressista que passa pela educação da população em relação a alguns assuntos como Direito, sistema tributário e outros. "Não precisa se aprofundar, só para entender, para não ser enganado a partir de factoides, de mentiras, fake news, de teorias de conspirações muitas vezes deflagradas, por exemplo, como o próprio Nikolas Ferreira e Carlos Jordy fizeram na comissão", afirma Andréa.
Ela destaca que ambos desinformam "de forma vergonhosa a população brasileira". "São meias-verdades. Eles contam só uma parte e acabam ali induzindo as pessoas ao erro e levando as pessoas a um ambiente de mentira e de fake news", diz.
Hugo Motta
Andréa também falou sobre a postura contraditória de Hugo Motta (Republicanos-PP), que uma hora agrada o governo e outra hora a ala bolsonarista. A comentarista chama atenção para o fato de que, "coincidentemente" ao "vai e volta" de Hugo Motta, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou uma nova decisão sobre as chamadas "emendas paralelas da Saúde".
"Então talvez está justificado esse 'vai e vem', essa mudança [de Hugo Motta] talvez seja para mostrar poder e mandar mensagem ora para o Supremo Tribunal Federal, ora para o próprio governo, porque a gente sabe muito bem que a maioria do Congresso Nacional hoje defende as elites que o governo está tentando taxar", afirma Andréa.
União centrão e extremistas pelos interesses da elite
Andréa também falou sobre a união do centro e da extrema direita no Congresso Nacional para defender os interesses da elite brasileira. Ela afirma que hoje o parlamento é composto majoritariamente pelo centrão e por uma grande parte de extremistas. Quando os dois espectros se juntam, eles dão a grande maioria absoluta do Congresso Nacional.
A comentarista avalia que para o centrão tanto faz ter democracia ou não desde que seus interesses econômicos estejam intocáveis. "O que interessa é o toma-lá-da-cá." Andréa afirma que a união de Hugo Motta com os extremistas para tentar salvar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros réus da trama golpista foi uma tentativa de mandar uma mensagem para o Supremo em relação ao desvio de emendas.
Confira a entrevista completa de Andréa Gonçalves ao Fórum Onze e Meia abaixo:
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