TENTATIVA DE GOLPE

Cabisbaixo e monossilábico: ex-ministro descreve ao STF como Bolsonaro reagiu à derrota para Lula

Marcelo Queiroga, ex-titular do Ministério da Saúde na gestão do então presidente, depôs como testemunha dos generais Braga Netto e Augusto Heleno e buscou minimizar reunião golpista realizada em junho de 2022

Créditos: Fotos: Walterson Rosa/MS
Escrito en POLÍTICA el

O ex-ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (PL), Marcelo Queiroga, em depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (26), afirmou que o então mandatário entrou em um "quadro de profunda tristeza" no dia seguinte à derrota para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

"Segunda, logo após as eleições, acho que o último dia ao qual ele foi ao Planalto. Ele estava triste, claro, como todos nós. Lembrei ao presidente exemplos como o [Richard] Nixon, [Jimmy] Carter que não foram reeleitos e depois ganharam até mais protagonismo", disse Queiroga na Corte, segundo a CNN.

Ele seguiu descrevendo o estado de ânimo do chefe na ocasião. "Depois estive com o presidente duas vezes no Alvorada, ele teve um quadro de erisipela, entrou num quadro profundo de tristeza, só respondia monossilabicamente, muito cabisbaixo. Cheguei até a me preocupar. Mas ele como um homem forte se recuperou", disse Queiroga, quando perguntado pelo advogado de Bolsonaro se ele havia mantido agendas pessoais o então presidente.

O ex-ministro de Bolsonaro, que foi derrotado na disputa pela prefeitura de João Pessoa (PB) no ano passado, depôs na condição de testemunha de defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.

Reunião golpista

Queiroga buscou minimizar a reunião realizada por Bolsonaro em 5 de junho de 2022. Ali, o então presidente disse a seus auxiliares que era preciso fazer "alguma coisa antes" das eleições daquele ano, ou seria tarde demais para impedir a vitória de Lula.

Naquele encontro, o general Heleno sugeriu “montar um sistema para acompanhar os dois lados”, referindo-se a Lula. “O problema todo disso é se vazar”, disse ele.

“Acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. Vai chegar um ponto em que não vamos poder mais falar, vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e determinadas pessoas, isso para mim é muito claro”, disse Heleno. “Não tem VAR nas eleições. Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito, tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições.”

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar