A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, se emocionou e chegou a conter as lágrimas em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, na Folha, ao lembrar da relação dela e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o Papa Francisco.
Ela lembrou, por exemplo, da carta que Francisco enviou a Lula durante a sua prisão, em Curitiba.
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“Tem uma coisa aqui para te mostrar, e que eu estava até mostrando para o meu marido agora. É justamente a carta que ele escreveu ao papa, e a resposta do papa a ele”, disse Janja. “O papa falava bastante sobre a prisão política [de Lula]. Não por acaso, a primeira viagem que meu marido fez ao sair da prisão foi para ir ao encontro do papa.”
Segundo ela, Lula “passou por diferentes momentos naqueles 580 dias [de prisão]. Houve momentos de desesperança. E aquele era o momento em que o Arthur [neto de Lula de 7 anos] tinha morrido”. Janja lembra que “ele estava realmente bastante abalado, e talvez por isso escreveu uma carta ao líder espiritual. Para que ele pudesse também, né... por mais que as pessoas estivessem ali fora na vigília, a mensagem do papa Francisco naquela circunstância foi fundamental para ele saber que estava no caminho certo, da busca [pelo reconhecimento] da inocência”.
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“Foi a mensagem de um líder espiritual, para [Lula] saber ‘Deus está contigo’. Eu acho que isso deu muita força para ele. [Chorando] Falar desses momentos da prisão do meu marido, e da morte do Arthur... Mas, enfim (chora).”
Conversa reservada
Sobre o Papa no trato pessoal, Janja revelou um fato curioso durante uma visita:
“Para a minha surpresa, antes de a nossa delegação entrar, o padre do cerimonial me chama e diz: ‘O Santo Padre quer ter uma conversa reservada com a senhora’.”
Segundo a primeira-dama, “ele já estava bastante debilitado. Tinha acabado de sair de uma crise de bronquite, estava com problema de audição por conta da inflamação. Eu tive que falar bem alto”.
“A primeira coisa que ele me perguntou foi ‘como está o meu amigo’? Eu disse ‘está muito bem, santo padre’ [Lula tinha se recuperado de uma cirurgia na cabeça feita em dezembro de 2024]. Agradeci pelas orações. Ele ficou tranquilo. E a gente conversou sobre a minha agenda em Roma”.
“Expliquei que eu tinha trazido o tema da Aliança Global Contra a Fome, ele me deu apoio: ‘Precisamos que as mulheres estejam dentro dos lugares, precisamos que as mulheres falem’, revelou ela”.
“Foi quando ele me deu essa escultura de metal que mostra uma pessoa ajudando outra a se erguer [do chão] e me disse: ‘Todos os homens deviam se olhar nos olhos porque todos somos iguais. O único momento em que uma pessoa pode olhar a outra de cima para baixo é quando estende a mão para ela se reerguer’. Ele segurava a minha mão neste momento. Vou guardar para sempre em minha memória”, encerrou.