Da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital DF Star, Jair Bolsonaro (PL) segue na sua cruzada nas redes sociais para propagar fake news e discursos de ódio para incitar a horda de apoiadores.
Neste domingo (21), no entanto, o ex-presidente mostrou certa confusão ao interpretar um print compartilhado do site Pleno News, da bancada evangélica, sobre entrevista do ator Antônio Fagundes.
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A imagem mostra apenas a chamada: "Antônio Fagundes sobre Bolsonaro: 'eleito para destruir a tolerância". Rapidamente, o ex-presidente compartilhou nas redes e, de forma confusa, elogiou o ator, dando a entender que seria um elogio. "Um bom ator! Um forte abraço!"
No entanto, a própria reportagem da Pleno News, que utilizou uma entrevista de Fagundes à Folha de S.Paulo, diz que o ator "fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aos seus apoiadores".
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"Sobre a eleição do ex-presidente, o ator disse que ela representa o paradoxo da tolerância, conceito do filósofo Karl Popper. 'Você é tão tolerante que você permite que um cara seja eleito para destruir a tolerância'", diz o texto no site, mostrando a crítica do ator.
Críticas a Bolsonaro e à Globo
Aos 76 anos, 44 deles vivido na Globo, o ator Antonio Fagundes diz ver com preocupação o momento atual, com líderes extremistas como Jair Bolsonaro (PL) e Donald Trump, ao afirmar que "artista não pode ter carteirinha" para não se assemelhar a uma torcida de futebol ou uma seita.
"Mesmo quando a pessoa está dizendo [o que vai fazer], ele [o cidadão] não ouve mais. É só 'é o mito, é o mito'. O que quer dizer isso? Quer dizer que ele pode falar o que quiser, que eu não estou ouvindo. Estou seguindo palavras de ordem. Isso é ruim para qualquer ideologia", disse em entrevista divulgada neste domingo (20) pela Folha de S.Paulo.
Fagundes justifica a tese alegando que ao participar de uma seita ou de torcida "você deixa de pensar". "Acho que a gente está vivendo um período em que temos que trazer a inteligência de volta", emenda, ressaltando que vê Bolsonaro e Trump como pessoas infelizes "e quem é triste, espalha essa tristeza, né".
O ator, que estreou a peça Dois de Nós, em que divide o palco com esposa, Alexandra Martins, e os amigos Christiane Torloni e Thiago Fragoso, acredita que o recrudescimento do neofascismo está relacionado ao destaque que o movimento progressista teve nos últimos anos.
"O que aconteceu é que parte da população, da cultura se voltou para as coisas boas que estavam aparecendo, para a igualdade, para resolver os problemas sociais, para acabar com a desigualdade econômica, para criar amparos, para fortalecer a educação", diz.
"É que agora eles estão com o poder da palavra. Como diz o Umberto Eco, a internet deu voz aos imbecis. Eles estão aí de novo aparecendo, mas não acredito que sejam a maioria não. Acho que, como está tendo o refluxo para eles, vai ter o refluxo para gente [os progressistas] depois", emenda, aos risos.
O ator ainda tece críticas sobre sua saída da Globo. Ele rompeu o contrato quando a emissora da família Marinho não deu espaço para que ele fizesse suas peças - gravando as produções apenas às segundas, terças e quartas-feiras.
"Eu levei 44 anos para me especializar. Quando atingi o auge da minha especialização, eles mudaram o processo de produção. Perderam o investimento deles. Perderam o patrimônio deles", diz Fagundes, que afirma que atuava como "máquina" na emissora.
"Alguns colegas de teatro reclamavam sobre a TV, dizendo 'eu não sou máquina'. Eu não. Eu queria ser máquina, queria ser a máquina mais perfeita daquele processo".
Ele afirma que isso se deu justamente por se especializar, o que lhe permitiu decorar textos na hora.
"Vivi o melhor dos mundos, porque não levava trabalho para casa. Enquanto meus colegas estavam todos trancados, decorando [as falas], eu ia passear, ficava com a minha família, tinha fim de semana, podia fazer meu teatro, cinema", conta.