A pesquisa de opinião realizada pela Quaest, divulgada nesta quarta-feira (2), com dados pouco animadores para o governo Lula (PT), traz um recorte que foi pouco reverberado na imprensa de uma forma geral, mas que acende outra luz de alerta para o Planalto: os brasileiros que querem uma mudança de rumo na atual gestão federal.
Em relação à reprovação, o governo viu o índice já preocupante subir ainda mais, indo de 49% no último levantamento, em janeiro, para 56%, uma arrancada negativa de sete pontos percentuais, enquanto a aprovação despencou ainda mais, de 47% para 41%. No entanto, o que chamou a atenção é que 81% dos entrevistados querem uma correção na rota e nos rumos por parte do governo Lula até as eleições de 2026.
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Aos percebermos que apenas 15% dos brasileiros querem a manutenção da forma como o governo vem trabalhando, e olharmos para os 41% de aprovação da administração federal, é um pressuposto óbvio que muita gente (até dois terços) dos que aprovam Lula também quer que sua gestão mude os rumos, mesmo avaliando seu desempenho como positivo.
É desnecessário dizer que o Planalto sabe quais são os problemas e desafios, nomeadamente o preço dos alimentos, a inflação em geral e o poder compra, mas parece que há muitas outras coisas envolvidas nesse caso e que levam a números tão problemáticos para o governo. Ajustes vêm sendo feitos, o preço dos alimentos já registrou quedas consecutivas após medidas direcionadas, porém, a atmosfera de críticas se dissemina e a impressão é que nada terá a capacidade de estancar essa sangria.
Para muitos pesquisadores, acadêmicos e atores do mundo político, o oceano de fake news que alaga o universo digital, transbordado para o dia a dia, seja no trabalho, no ônibus para o serviço ou nas conversas com vizinhos e amigos, tem distorcido completamente a noção de realidade coletiva. Os dados do Brasil há pouco menos de quatro anos, no auge do governo de Jair Bolsonaro (PL), era desesperadores e calamitosos, com uma nação sofrendo de fome em grandes proporções, desemprego nas alturas, inflação geral e de alimentos em níveis recordes históricos e queda de qualidade de vida generalizadas. Só que agora a coisa é diferente.
Os cérebros da extrema direita nas redes se ocuparam durante todo o mandato de Bolsonaro de espalhar maluquices que enalteciam o governo, buscando atenuar o impacto dos números desgraçados na economia, ao passo que, agora, fazem o caminho inverso, infernizando o ambiente coletivo com mentiras e distorções absurdas que se espalham na velocidade da luz, confundindo a realidade factual e a percepção de boa parte dos brasileiros que se alimentam diariamente das “informações” provenientes dessas bolhas, espalhando as “notícias”.
Ao governo Lula, cabe agora analisar os números e direcionar forças para mudanças naquilo que realmente não vem dando resultado satisfatório, como a persistente crise da comida cara, mas também tentar descobrir uma saída inovadora e eficaz para neutralizar o surto devastador de mentiras pulverizadas nas redes que atinge frontalmente a popularidade da atual gestão.
