EM CIMA DO MURO

Com futuro incerto, PSDB deve perder Eduardo Leite

Insatisfeito com impasses internos e indefinição sobre fusão, governador do RS pode oficializar ida ao PSD já em maio

Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo LeiteCréditos: Mauricio Tonetto/Secom Governo RS
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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, avalia deixar o PSDB para se filiar ao PSD, em uma movimentação política articulada desde o ano passado e que pode se concretizar no próximo mês.

A possibilidade tem gerado apreensão entre aliados e lideranças tucanas, especialmente em seu estado. Leite teria reservado o dia 6 de maio para oficializar sua filiação, sinalizando que a saída do ninho tucano é praticamente certa, ainda que ele aguarde um desfecho oficial das negociações internas da legenda, como uma eventual fusão.

Até os primeiros dias de abril, a fusão do PSDB com o Podemos era dada como certa, e previa-se que fosse concluída até 1º de maio. A fusão resultaria em uma bancada de 27 deputados na Câmara. Na sequência, o novo partido se uniria ao Solidariedade numa federação, acrescentando cinco deputados.

Existe ainda uma chance, mais remota, do MDB incorporar as duas siglas, mas a ideia encontra resistência entre os tucanos, já que a legenda se originou justamente de uma dissidência do então PMDB.

Indefinição e o 'tempo político' de Eduardo Leite

A indefinição do PSDB, somada aos impasses internos, tem sido um fator decisivo para a provável saída de Leite. A presidenta estadual da legenda e também secretária de Relações Institucionais do governo gaúcho, Paula Mascarenhas, reconheceu que o governador está insatisfeito com a paralisia da sigla e que precisa cumprir um "tempo político". 

"O governador tem dito que até o fim de abril terá uma decisão. Se o PSDB não se decidir, ele pode fazer seu próprio movimento. Ele tem participado das conversas com lideranças de outros partidos na tentativa de fortalecer o centro democrático, mas chega uma hora que o prazo se esgota. Ele tem um tempo político que precisa cumprir", disse Mascarenhas, em entrevista ao O Globo.

A ideia de mudança de legenda ganhou força após a ida da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, para o PSD. Na cerimônia realizada em 10 de março, ela justificou a saída. "Essa filiação acontece a partir de um processo natural de maturação e construção coletiva. Foram nove anos de crescimento no PSDB, mas agora chegou a hora de mudar. E essa mudança não é uma aliança de ocasião, mas uma aliança de propósito", pontuou.

Debandada e futuro do governador

A migração pode resultar também em um movimento semelhante por parte de prefeitos e vice-prefeitos gaúchos que podem acompanhar Leite em seu novo partido.

“O que podemos adiantar é que as negociações estão muito avançadas, e é inevitável que isso aconteça. Apenas não temos ainda o dia exato da transferência para o PSD. Em nível local, faremos uma reunião após o feriado para discutir como será essa movimentação aqui”, disse o vice-prefeito de Erechim, Flávio Tirello, em entrevista à Rádio Cultura local.

Segundo o jornal Valor Econômico, aliados do governador se dividem em relação à mudança de sigla. Um segmento acredita que a crise do PSDB é incontornável, enquanto outro grupo acredita que a ida para o partido de Gilberto Kassab possa limitar uma eventual pretensão presidencial ou mesmo uma composição de chapa com a vaga de vice ficando para Leite.

Um provável caminho para o governador, que não pode concorrer à reeleição, seria a candidatura ao Senado. Segundo levantamento realizado pelo Paraná Pesquisas e divulgado em 19 de março, o governador lidera a corrida por uma das duas vagas em disputa, com 43,1% das intenções de voto, seguido por Manuela D'Ávila, com 23,2%. Na sequência, aparecem o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), com 21,3%, e o deputado federal Zucco (PL), com 17,6%. 

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