A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, eleita pelo PSDB em 2022, oficializou nesta segunda-feira (10) sua filiação ao PSD de Gilberto Kassab.
Em cerimônia realizada no Recife Expocenter, lideranças da legenda estiveram presentes, entre elas as senadoras Zenaide Maia (PSD-RN), Eliziane Gama (PSD-MA) e Jussara Lima (PSD-PI).
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"Não é fácil ser mulher na política, mas somos persistentes e, se ela fosse maranhense, iríamos chamá-la de rapadura: ela é doce, mas ela é dura", disse a senadora maranhense Eliziane Gama, segundo o jornal Diário de Pernambuco.
Lyra justificou a migração partidária. "Essa filiação acontece a partir de um processo natural de maturação e construção coletiva. Foram nove anos de crescimento no PSDB, mas agora chegou a hora de mudar. E essa mudança não é uma aliança de ocasião, mas uma aliança de propósito", pontuou a governadora.
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De olho em 2026
Também estiveram presentes três ministros do governo Lula que pertencem ao partido: Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura) e André de Paula (Aquicultura e Pesca).
"Nós, três ministros, vamos trabalhar para defender os interesses de Pernambuco com Raquel. Nós estaremos de mãos dadas para mostrar a importância de você continuar defendendo os interesses como governadora", disse Silveira, de acordo com O Globo. "Nossos gabinetes vão se estender por todos de Brasília."
A filiação é uma tentativa de aproximação maior de Raquel Lyra com Lula e o PT. O partido está dividido entre uma ala que apoia a governadora e outra que é próxima do prefeito do Recife João Campos (PSB), que deve ser candidato ao governo do estado em 2026.
Como o PSDB tem três deputados estaduais e o PSD não conta com parlamentares na Assembleia de Pernambuco, a governadora articulou a filiação da sua vice, Priscila Krause, antes no Cidadania, à sigla tucana, para preservar uma boa relação com a sua ex-legenda.
Possível debandada em SP
Agora, o PSDB passa a ter dois governadores, Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS). Em São Paulo, após perder o governo do estado depois de um ciclo de 28 anos, a legenda corre o risco de perder deputados estaduais.
É a terceira maior bancada da Assembleia Legislativa paulista, atrás do PT e do PL, com 9 deputados, além dos 3 do Cidadania, com quem faz uma federação até 2026. Mas os parlamentares reclamam de pouca autonomia e de um controle concentrado na figura de Aécio Neves.
Um parlamentar, em condição de anonimato, disse ao G1 que se trata de um ressentimento do ex-presidenciável da sigla. "Nós pedimos a expulsão dele, foi por aqui (SP) que saiu. E o Aécio não perdoou isso. Foi ele que fez todo esse movimento de lançar o Leite, que, na verdade foi só para bater de frente com São Paulo, e acabar enfraquecendo o partido no estado", pontua, destcanado a briga interna pela candidatura à Presidência da República em 2022 entre o então governador de São Paulo João Doria e Eduardo Leite.
Ao G1, o deputado estadual Mauro Bragato, que está em seu 11º mandato, também destaca esse afastamento da direção do partido. "Não existe conexão nenhuma, conversa nenhuma. Não existe nada", diz. "O partido chegou num ponto que não tem mais condição de ficar nele. Porque não existe o partido."
"A preocupação que eu tenho é que eu tenho um grupo grande de gente no interior, filiado ao PSDB, que é vinculado a mim. Alguns até já saíram. E aí nós temos eleição no ano que vem. Como é que a gente se situa nesse quadro?", questiona.
O PSDB discute se continua como legenda, se acerta uma fusão com o PSD ou mesmo se costura uma união com o MDB, ou o Podemos.