Em novo recado pelas páginas do jornal Estadão, o conluio formado entre a burguesia paulista, o sistema financeiro e a mídia liberal pedem a Jair Bolsonaro (PL), que deve ficar quatro semanas no hospital se recuperando de cirurgia intestinal, um "surto de sanidade" para lançar Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) pela terceira via anti-Lula em 2026.
Em editorial intitulado "Bolsonaro atrapalha o Brasil" neste sábado (12), o jornal, representante histórico da burguesia desde a época da escravidão e porta-voz do sistema financeiro, afirma que "está na hora de deixar a Justiça cuidar do ex-presidente" - pedindo a prisão de Bolsonaro - e manda um recado direto a Tarcísio, para que abandone de vez a pauta da anistia, caso queira seguir encabeçando o projeto da terceira via.
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"É perturbador observar que algumas das principais autoridades do Brasil estão realmente se dedicando ao tema. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por exemplo, encontrou tempo em sua decerto atarefada rotina para ligar pessoalmente a todos os deputados do seu partido com o objetivo de convencê-los a assinar o requerimento de urgência para o projeto de anistia, como se isso fosse de fato relevante para os paulistas", diz o texto.
Na madrugada de domingo (13), a colunista Rosean Kennedy complementa o recado da terceira via ao dizer que a "Direita espera que Bolsonaro tenha ‘surto de sanidade’ por indulto e escolha Tarcísio em 2026".
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Citando como fonte "duas das maiores lideranças que têm influência nas decisões desse grupo político", a jornalista revela o incômodo da burguesia financeira com o jogo de cena de Bolsonaro e dá ultimato ao ex-presidente.
Para amansar Bolsonaro, o Estadão afirma que "para esses interlocutores, apoiar o governador de São Paulo na corrida presidencial seria a única forma de o ex-presidente ter possibilidade de ser beneficiado por um indulto presidencial, caso seja condenado e preso".
O plano, segundo a jornalista, seria colocar Tarcísio no Planalto para "articular um consenso pelo indulto ao ex-presidente".
"Isso porque ele reúne apoio de diversos setores políticos, do empresariado e ainda tem bom trânsito com autoridades do Judiciário", diz o texto, referindo-se à própria terceira via e ao acesso que Tarcísio tem a Moraes via Michel Temer (MDB), que alçou o ministro ao Supremo Tribunal Federal (STF) ao assumir a Presidência após o golpe contra Dilma Rousseff (PT).
O objetivo, ainda, é barrar qualquer tentativa de Bolsonaro em colocar um membro do clã na disputa, alijando o governador paulista, que se dedicaria à reeleição.
Nos EUA, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tenta se cacifar para assumir o lugar do pai atuando como uma espécie de diplomata do clã. Licenciado da Câmara, o filho "03" de Bolsonaro pode voltar ao Brasil e desistir da candidatura certa ao Senado para assumir o lugar do pai na disputa majoritária com o discurso de perseguição política.
"Se o nome escolhido for alguém da “franquia Bolsonaro”, como o filho 03, Eduardo, a avaliação dessas lideranças políticas é de que seria impossível negociar qualquer pacificação", diz o texto do Estadão, dando prazo até dezembro para Bolsonaro tomar a decisão.
"Caso Bolsonaro repita Lula e só indique um substituto em agosto, as lideranças da direita avaliam que a incerteza na eleição será muito grande, o que pode acabar beneficiando o petista, que deve concorrer à reeleição", emenda a jornalista no novo recado da burguesia financeira.