Representante histórico da burguesia desde a época da escravidão e porta-voz do sistema financeiro, o jornal O Estado de S.Paulo, o Estadão, divulgou editorial neste sábado (12) que pede a prisão de Jair Bolsonaro (PL) e manda um duro recado a Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador paulista que é visto como principal candidato da terceira via anti-Lula na disputa presidencial em 2026.
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No texto, intitulado "Bolsonaro atrapalha o Brasil", o jornal ataca a cruzada dos radicais apoiadores pela "anistia" e afirma categoricamente que "está na hora de deixar a Justiça cuidar do ex-presidente" pois "o Brasil tem mais o que fazer", em clara sinalização dos atores da terceira via pedindo a prisão do ex-presidente.
O texto inicia ironizando Bolsonaro, "aquele que é, segundo seus bajuladores, o 'grande líder da direita no Brasil', timoneiro do PL, o maior partido da Câmara", que não se declarou sobre "a profunda crise mundial deflagrada pelo presidente dos EUA, Donald Trump".
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"Seu único assunto é a tal de “anistia” para os golpistas do 8 de Janeiro – e, por extensão, para si mesmo. Enquanto o mundo derrete em meio à escabrosa confusão criada por Trump, aliás ídolo de Bolsonaro, o ex-presidente mobiliza forças políticas para encontrar meios de driblar a lei e a Constituição e livrar da cadeia os que conspiraram para destruir a democracia depois das eleições de 2022, sob sua liderança e inspiração", diz, afirmando em seguida que é melhor que Bolsonaro não palpite sobre a crise mundial, lembrando que "em sua vergonhosa passagem como chefe de Estado em encontros no exterior, ele só conseguia falar com os garçons".
O porta-voz da burguesia então parte para cima dos congressistas que buscam colocar o PL da Anistia no centro da pauta legislativa e dos "herdeiros políticos" de Bolsonaro que tornaram "cúmplices de seus ataques à democracia".
O jornal ainda critica a pressão da horda sobre Hugo Motta, que estaria "resistindo" e "iniciou conversas com integrantes do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF), pregando uma solução negociada entre os Poderes para reduzir a pena dos condenados pelo 8 de Janeiro com o objetivo de 'pacificar' o País, detonando de vez os interesses de Bolsonaro por trás do PL da Anistia.
"Como demonstra não se preocupar de fato com a massa de vândalos do 8 de Janeiro e sim com a própria absolvição, Bolsonaro chegou a minimizar a importância de uma eventual revisão da dosimetria pelo STF. Disse que só lhe interessa a “anistia ampla, geral e irrestrita” – obviamente uma piada de mau gosto".
No texto, a Faria Lima manda um recado direto a Tarcísio, para que abandone de vez a pauta da anistia, caso queira seguir encabeçando o projeto da terceira via.
"É perturbador observar que algumas das principais autoridades do Brasil estão realmente se dedicando ao tema. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por exemplo, encontrou tempo em sua decerto atarefada rotina para ligar pessoalmente a todos os deputados do seu partido com o objetivo de convencê-los a assinar o requerimento de urgência para o projeto de anistia, como se isso fosse de fato relevante para os paulistas", diz o editorial.
"Não é. Se Bolsonaro for condenado e preso, e se os golpistas forem todos punidos, rigorosamente nada vai mudar no País. No entanto, se as forças políticas do Brasil não se mobilizarem rapidamente para enfrentar o novo e turbulento mundo que acaba de surgir, aí, sim, os brasileiros sofreremos todos. Está na hora de deixar a Justiça cuidar de Bolsonaro e seguir adiante. O Brasil tem mais o que fazer", conclui o texto, que foi divulgado pela ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, na rede X.
"Editorial de hoje do Estadão vai direto ao ponto: a discussão sobre anistia só interessa a Bolsonaro, o Brasil tem mais o que fazer", escreveu.
