Escolhido por Artur Lira (PP-AL) como candidato para sucedê-lo na Presidência da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) para garantir os 444 votos que garantiram sua eleição em uma esfera de apoios políticos - e de votos - que foi do PL, de Jair Bolsonaro, ao PT, de Lula.
No entanto, para conquistar esse apoio, Motta fez promessas conflitantes, especialmente em torno do PL da Anistia, e agora encontra-se entre a cruz e a espada.
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A Bolsonaro, Motta e Lira prometeram colocar a anistia em pauta. Ao mesmo tempo, a Gleisi Hoffmann (PT), atual ministra de Relações Institucionais do governo Lula, se comprometeu a colocar o projeto dos aliados do ex-presidente na gaveta.
Agora, Motta tenta ganhar tempo e faz um jogo duplo para tentar contentar gregos e troianos em torno do projeto.
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Em conversa com Lula, com quem viajou recentemente ao Japão, Motta teria sugerido um indulto presidencial aos condenados no 8 de Janeiro que não se envolveram diretamente nos crimes. A estratégia de Motta esvaziaria o discurso de Bolsonaro, que alega que o PL vai beneficiar as "velhinhas com Bíblia na mão" e não a ele próprio - que é o objetivo real da anistia.
A sugestão já teria sido costurada com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que viu com bons olhos.
No entanto, Lula teria dito um sonoro "não" à proposta, pois com democracia não se brinca.
Ao mesmo tempo, Motta se equilibra nas conversas com Bolsonaro, que nesta semana pediu que a bancada extremista de ultradireita recuasse na estratégia fascista de expor os rostos e nomes de deputados que não aderiram à pauta.
Na conversa com o ex-presidente, Motta teria saindo pela tangente, não dizendo sim, nem não sobre colocar o projeto em pauta caso o PL consiga as 257 assinaturas necessárias, deixando o caso em aberto.
Motta ainda atua, por meio de interlocutores, para convencer Bolsonaro a confiar nas negociações que ele tem conduzido para o caso.
O presidente da Câmara teria, inclusive, sinalizado a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que abrandasse as penas dos condenados.
Em resposta, Moraes teria dito que logo a maioria estará em prisão domiciliar, no regime de progressão de penas, pedindo ao presidente da Câmara para dar tempo ao tempo.
Na próxima semana, Motta vai aproveitar o feriado prolongado para empurrar o imbróglio mais adiante. Nesta quarta-feira (9), ele decidiu liberar os deputados para ficarem em suas bases, participando das sessões plenárias à distância.
Dessa forma, o sucessor de Lira espera acalmar os ânimos e buscar uma solução para um impasse que ele mesmo criou para chegar à Presidência da Câmara.