Em entrevista à jornalista Leda Nagle, em junho de 2022, Jair Bolsonaro (PL) confirmou que tem na mentira sua principal ferramenta para conquistar apoiadores e administrar a horda que propaga fake news no que a ultradireita neofascista chama de "guerra de narrativas" nas redes sociais.
“A preocupação do Alexandre de Moraes é fake news. Pelo amor de Deus. Ô, Leda [Nagle], se eu contar uma mentira para você agora, você acredita se quiser. Ou, se você não gostar, você nunca mais fala comigo, você nunca mais entra na minha página”, afirmou Bolsonaro, em julho de 2022, já demonstrando desespero pela derrota iminente que sofreria para Lula em outubro nas eleições presidenciais.
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Segundo levantamento da agência Aos Fatos, em 1.459 dias como presidente, Bolsonaro contou 6.658 mentiras, o que dá uma média de 4,5 mentiras por dia contadas por Bolsonaro durante a passagem pelo Planalto.
Mas, antes da Presidência e depois dela, Bolsonaro segue como mentiroso contumaz. A mais recente mentira faz parte do combo do ex-presidente na entrevista à Folha de S.Paulo. Na ocasião, Bolsonaro disse que a fraude no seu cartão de vacinação foi feita por Lula.
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"A primeira [tentativa de fraude] foi no bairro de Perus, São Paulo, onde lá alguém cadastrou no SUS com a senha lula@gmail", alegou.
Na semana anterior, após a primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) o colocar no banco dos réus pela tentativa de golpe, Bolsonaro voltou a mentir nas declarações feitas a jornalistas na porta do Senado Federal.
O ex-presidente voltou a dizer que investigação do PSDB sobre as eleições de 2014 concluiu que as urnas são inauditáveis, mesmo com o partido do então candidato Aécio Neves já tendo afirmado que a alegação é "enganosa" e existindo meios de auditar a votação, como o boletim de urna e o registro digital de voto.
Bolsonaro ainda mentiu dizendo que não mentiu durante a live de 2021, que deu início ao inquérito. Ele alega só ter lido informações de um inquérito que provava fraude eleitoral. No entanto, a investigação, que estava em andamento, não comprovou irregularidades no pleito presidencial.
Outro devaneio do ex-presidente foi em relação ás relações entre Brasil e China. Ele afirmou que o "Brasil entregou urânio para China". Na verdade, é uma antiga fake news propagada na ultradireita a partir da venda de uma exploradora privada do minério que foi incorporada por uma controladora chinesa.
Neste 1º de Abril, relembre algumas das milhares de mentiras de Bolsonaro:
- Fraude nas urnas eletrônicas: propagada desde antes de 2018, quando venceu as eleições presidenciais após ser eleito consecutivamente por quase 30 anos como deputado federal pelo mesmo sistema de votos, a mentira sobre a fraude nas urnas eletrônicas está no cerne da condenação por inelegibilidade e no inquérito da tentativa de golpe, que pode colocar o ex-presidente atrás das grades.
- Não teve corrupção no meu governo: a lista de casos de corrupção vai das dezenas de investigação sobre desvios pelo orçamento secreto à investigação sobre as propinas em ouro e dinheiro dentro de Bíblia pagas ao então ministro da Educação, Milton Ribeiro. A lista de investigados por corrupção no governo Bolsonaro ainda incluem: Ciro Nogueira (PP-PI), Ricardo Salles (Novo-SP); Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) e Fabio Wajngarten, que chefiou a Secom. Relatório da Americas Society/Council of the Américas afirma ainda que Bolsonaro favoreceu a corrupção no Brasil ao tentar controlar órgãos de investigação e executar os cortes orçamentários de agências independentes.
- Defesa da Ditadura: Bolsonaro sempre mentiu para defender a Ditadura e torturadores do regime, que ele alega que foi um "movimento democrático". Ultimamente, o ex-presidente tem se calado sobre o tema para se colocar como defensor da democracia. No entanto, em 1999, ele afirmou literalmente que se fosse presidente "não há a menor dúvida, daria golpe no mesmo dia". "Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada. Você só vai mudar, infelizmente, quando um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil. Começando com FHC, não deixando ir para fora, não. Matando! Se vai morrer alguns inocentes (sic), tudo bem", justificou.
- Tive um ministério técnico: essa grande mentira começa a ser desmontada pelo fato de Bolsonaro ter colocado ministro da Casa Civil o presidente do PP, Ciro Nogueiro (PP-PI). Cacique do Centrão, o ministro era considerado "presidente de fato", por coordenar o orçamento juntamente com Arthur Lira. Além dele, podem ser citados quadros como Paulo Guedes, uma imposição dos financistas neoliberais; Ricardo Salles, que prometeu "passar a boiada" para entregar terras aos ruralistas; Onyx Lorenzony, uma antiga raposa política do Centrão; Fábio Faria, deputado que selou a aproximação com a mídia e o sogro, Silvio Santos, do SBT; Sergio Moro, que ganhou o cargo após levantar sigilo da delação de Antônio Palloci às vésperas da eleição em 2018; Ernesto Araújo, da cota olavista; sem contar nomes de compadrio, como Jorge Oliveira, Damares Alves; e até Regina Duarte, que teve uma sugestão tenebrosa na secretária nacional de Cultura.
- Deus, Pátria, Família e Liberdade: O slogan de Bolsonaro - que acrescentou "liberdade" após o risco iminente de prisão do ex-presidente - pode ser um dos símbolos máximos da mentira do ex-presidente. Bolsonaro sempre usou "Deus" e as religiões - especialmente as cristãs - com finalidade política eleitoral, passando longe de preceitos do cristianismo, como "não matarás". Em relação à "Pátria", Bolsonaro bateu continência à bandeira EUA e fez declarações de amor a Donald Trump, além de ter conduzido uma política entreguista na economia, seguindo os preceitos neoliberais que obedecem aos interesses das grandes transnacionais. Família é um caso à parte: Bolsonaro carrega as três esposas em razão de que elas têm informações importantes sobre seu passado - Ana Cristina Valle, por exemplo, foi a grande operadora do esquema de corrupção das "rachadinhas" -, além de destilar hipocrisia na defesa da "tradicional família brasileira". Sobre liberdade, o tema foi adicionado recentemente por interesses próprios.
- Cloroquina e Ivermectina: Jair Bolsonaro foi o grande propagandista em cima dos medicamentos ineficazes contra a Covid-19, que causou a morte de mais de 700 mil brasileiros durante a pandemia. É uma das mentiras mais cruéis disseminadas pelo ex-presidente.
- Imbrochável: Em entrevista recente ao jornalista Léo Dias, Bolsonaro revelou mais uma grande mentira, a de que é "imbrochável", como costuma falar. O ex-presidente afirmou que que Tadalafila, remédio para disfunção erétil, "já era", pois "agora é chip", confirmando que usa chip hormonal para combater a impotência sexual.
- "Mais 72 horas...": a contagem de aliados próximos, em especial ao general Walter Braga Netto, atrelada a atitude que Bolsonaro tomaria após a derrota nas eleições presidenciais em 2022 levou milhares de apoiadores à frente dos quartéis para pedir um golpe de Estado. Bolsonaro, no entanto, fugiu para os EUA ao final do mandato e deixou milhares de apoiadores presos por incitar os ataques de 8 de Janeiro de 2023.