ELEIÇÕES 2026

Tarcísio esnoba Bolsonaro, fala de eleição e prega "pacificação" em evento do mercado

Em evento do mercado financeiro em SP, Tarcísio se coloca como presidenciável e diz que julgamento de Bolsonaro atrapalha o país. Ao mesmo tempo em Brasília, vice, do PSD de Kassab, diz que ex-ministro "se consolida cada dia mais"

Tarcísio em conversa com agentes do sistema financeiro.Créditos: Reprodução / Youtube
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Longe das redes sociais e dos atos com bolsonaristas, como aconteceu em Copacabana quando usou a manifestação pelo PL da Anistia para antecipar o embate com Lula, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) dá de ombros para Jair Bolsonaro (PL) e, a cada dia, flerta mais com o mercado para se colocar como candidato à Presidência em 2026.

Em participação em evento da Galapagos Capital, empresa que opera na bolsa de valores, nesta sexta-feira em São Paulo, o governador paulista afirmou que o julgamento de Bolsonaro e ironizou a "polarização" do ex-presidente com Lula.

"A gente está preso sempre no mesmo assunto. O exemplo é o próprio julgamento do Bolsonaro. As redações estão se preparando para a cobertura e, a partir de agora, só vamos falar disso. [...] Vamos ficar para trás mais uma vez. Se um evento acaba pautando o país durante anos, o que vamos ganhar com isso?", afirmou.

“Como é que os gênios vão voltar para dentro das suas garrafas? É uma discussão importante. Porque senão a gente vai virar anarquia institucional e a gente não vai lugar nenhum. É um pouco isso que a gente está vendo”, emendou o ex-ministro, em tom de ironia.

Antes, Tarcísio rezou na cartilha neoliberal e pregou a "pacificação" do país - ecoando o mesmo discurso de outro golpista, Michel Temer (MDB).

“O Brasil precisa de uma pacificação, até porque a gente está preso numa agenda que não vai levar a lugar nenhum”.

Na participação, Tarcísio ainda afirmou que é preciso "reequilibrar os pratos do poder", mas citou o Congresso - e não o Supremo Tribunal Federal (STF) - como fator de "desequilíbrio".

Ao justificar sua fala, o governador paulista atacou o governo Bolsonaro. Sem citar o nome, ele afirmou que o equilíbrio se deu porque "o orçamento foi todo pra lá".

Para cooptar o Centrão em seu governo, Bolsonaro levou Ciro Nogueira, presidente do PP, para a Casa Civil - onde era considerado "presidente de fato" - e articulou o chamado "orçamento secreto", que transferiu para o Congresso a responsabilidade da destinação de recursos públicos, explodindo casos de corrupção nas bases eleitores dos parlamentares.

“Transferiu-se muito poder para o próprio Congresso, sem transferir junto a responsabilidade. O orçamento foi todo para lá, os ministérios não têm condição de fazer política. Isso é uma discussão importante”, disse aos agentes do sistema financeiro.

Presidenciável?

Em Brasília, quase simultaneamente, o vice-governador Felício Ramuth, do PSD de Gilberto Kassab, afirmou, mais uma vez, que Tarcísio será candidato à Presidência em 2026.

“O cenário político acaba nos empurrando para caminhos que nem esperávamos ou para os quais não estávamos nos preparando. Isso pode acontecer”, dizer que Tarcísio "se consolida cada dia mais" ao ser indagado sobre a candidatura ao Planalto.

A fala foi uma resposta a Bolsonaro, que no dia 11 de março quis humilhar Tarcísio ao falar das eleições 2026 ao lado do governador.

“Nós 2 seremos candidatos. Ele [Tarcísio] vem para a reeleição e eu para presidente. Eu não aparecer como candidato é uma negação à democracia. Que crime que eu cometi? Se reunir com embaixadores?”, disse o ex-presidente, que está inelegível até 2030.
 

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