Após denúncias de que fugiu para os EUA com dinheiro público e se manteve com o salário de deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou uma justificativa surreal para solicitar seu afastamento da Câmara por 122 dias, que serão contados a partir desta quinta-feira (20)
No site da Câmara, o perfil do filho "03" de Jair Bolsonaro (PL) já aparece como "não está em exercício". Essa é a primeira vez em 34 anos que a casa legislativa não tem um representante do clã - o ex-presidente iniciou seu primeiro mandato em 1991.
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No pedido de licença apresentado, Eduardo dá duas justificativas surreais, que não têm amparo na realidade.
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Para justificar a licença de 2 dias, o filho de Bolsonaro alegou que fara um "tratamento de saúde". Os outros 120 dias de afastamento - prazo máximo permitido pela Câmara - são justificados como "licença para tratar de interesse particular".
"Licenciou-se do mandato de Deputado(a) Federal, na Legislatura 2023-2027, em Afastamento Conjunto Consecutivo, sendo 2 dia(s) para Licença para Tratamento de Saúde e 120 dia(s) para Licença para Tratar de Interesse Particular, a partir de 20 de Março de 2025", diz o site da Câmara.
A justificativa já foi contestada pela deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), que enviou um ofício à Mesa Diretora da Câmara solicitando que o afastamento anunciado por Eduardo Bolsonaro seja tratado como abandono de mandato. A parlamentar argumenta que o deputado está usando indevidamente o recurso da licença parlamentar, que, por lei, deve ser destinada a questões pessoais, e não políticas.
“Eduardo Bolsonaro está nos EUA conspirando contra os interesses do Brasil em articulação com a extrema direita internacional. Isso, por si só, poderia ser considerado crime lesa-pátria. Agora, ele quer se licenciar do cargo porque tem medo de ser preso e pretende continuar tramando golpes no exterior. O regimento interno da Casa e a própria Constituição precisam ser respeitados”, afirmou Fernanda Melchionna.
O ofício também foi assinado por outros deputados do PSOL, como Sâmia Bomfim (SP), Glauber Braga (RJ), Luiza Erundina (SP), Chico Alencar (RJ), Tarcísio Motta (RJ), Talíria Petrone (RJ), Célia Xakriabá (MG) e Ivan Valente (SP).
R$ 150 mil
Em meio a 4 viagens aos EUA desde que Donald Trump assumiu seu segundo mandato na Casa Branca, no dia 20 de janeiro, Eduardo Bolsonaro registrou presença em apenas 13 sessões do plenário e tem 5 ausências não justificadas atuando como vice-líder da oposição.
Enquanto levava a família para Arlington, no Texas, onde está morando, o filho "03" continuou recebendo salários e benefícios da Câmara, que somam R$ 150.775,33 somente entre janeiro e fevereiro de 2025.
Além dos R$ 90 mil reais de salário - R$ 44.008 recebidos em janeiro e R$ 46,3 mil em fevereiro -, Eduardo consumiu R$ 51.924,62 da cota parlamentar para manter, inclusive, o escritório em São Paulo.
O filho de Bolsonaro, que mal pisou em Brasília, também fez questão de abocanhar os R$ 4.253,00 mensais - totalizando R$ 8.506 no período - de auxílio-moradia, benefício dado aos deputados que não querem usar um dos 447 apartamentos funcionais que a Câmara tem em Brasília.