POLÍTICA

Morre aos 90 anos o ex-governador Cláudio Lembo: "minoria branca" tem inveja de Lula

Filiado à Arena durante a Ditadura e fundador do PFL - que está na origem do União Brasil -, Lembro era um político de direita, mas tinha forte crítica à burguesia. Em nota Lula lamenta morte amigo "símbolo de Política escrita assim, com P maiúsculo"

Cláudio Lembo recebe a medalha de mérito legislativo na Câmara em 2015.Créditos: Agência Câmara
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Professor, advogado, escritor e ex-governador de São Paulo, Cláudio Salvador Lembo (PSD) morreu na madrugada desta quarta-feira (19) aos 90 anos em São Paulo.

A família não divulgou a causa da morte e o velório será realizado até às 15h no Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo. O sepultamento ocorrerá no Cemitério do Araçá a partir das 16h00.

Em nota nas redes sociais, o presidente Lula lamentou a morte de Lembo. "Recebi com tristeza e consternação a notícia do falecimento do professor, jurista, acadêmico e ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo. Meu amigo desde os anos 1970, Lembo foi símbolo de Política escrita assim, com P maiúsculo. Representante do campo conservador, sempre tivemos diferenças e, ao mesmo tempo, uma capacidade de diálogo franco, aberto e generoso. Com suas convicções, teve amplo destaque na política e se consolidou como voz importante no direito, tendo sido reitor da Universidade Mackenzie. Deixa um legado de compromisso com a democracia, com os valores constitucionais e com o amor pelo Brasil. Meus sentimentos à família e aos amigos de Cláudio Lembo".

Vice de Geraldo Alckmin (PSB), Lembo assumiu o governo paulista em 31 de março de 2006, quando o então tucano renunciou para disputar a Presidência contra Lula. 

Ele começou na política, no entanto, bem antes, em 1966 quando se filiou ao Arena, partido criado para dar apoio a Ditadura.

Fundador do PFL, que virou DEM e agora se incorporou ao União Brasil, Lembo sempre teve uma posição à direita na política, o que não o impedia de ter uma visão ampla, chegando a elogiar Lula e sendo um dos primeiros a reconhecer a perseguição ao atual presidente.

“Lula salvou o Brasil em um determinado momento e a inveja da minoria branca é imensa. Ele vai ficar preso. Não há como tirá-lo de Curitiba”, disse em debate com juristas em 2018, quando o petista foi preso de forma injusta em meio ao Lawfare da Lava Jato.

Em sua fala, Lembo criticou a forma como o judiciário persegue Lula e, de acordo com o ex-governador, o Brasil vive atualmente uma "democracia de fachada". "Já vivi situações muito difíceis, como na ditadura, mas nunca vi nada tão imoral", afirmou.

Em 2006, em entrevista à Folha quando enfrentava ataques do PCC no cargo de governador paulista, Lembo afirmou que que o problema de violência no Estado só será resolvido quando a "minoria branca" mudar sua mentalidade. "Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa", afirmou.

"A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para poder sustentar a miséria social brasileira no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações", emendou.

Lembro ainda foi prefeito de São Paulo entre 1986 e 1989, quando se candidatou a vice-presidente na chapa encabeçada por Aureliano Chaves, morto em 2003.

Como vice-governador, foi admitido em 2005 pelo presidente Lula à Ordem do Mérito Militar no grau de Comendador especial.
 

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