NEOFASCISMO

Paulo Figueiredo compara golpistas presas nos EUA a Allan dos Santos; lobby tenta apoio de Trump

Radicais aliados ao clã Bolsonaro teriam levado debate à Casa Branca para que as golpistas presas por imigração ilegal sejam acolhidas como anistiadas políticas pelo governo Trump

Paulo Figueiredo com Eduardo Bolsonaro e as golpistas presas nos EUA.Créditos: Rede X / Reprodução
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Neto do ditador João Baptista Figueiredo e membro da organização criminosa golpista de Jair Bolsonaro (PL), o influenciador Paulo Figueiredo comparou o caso das quatro bolsonaristas presas pelo governo Donald Trump nos EUA com o do colega Allan dos Santos, que também se refugiou nos EUA.

Raquel Lopes, Rosana Maciel e Cristiane da Silva, condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e Michely Paiva, que também é ré por golpe de Estado, foram presas ao entrarem ilegalmente nos EUA, onde pretendiam buscar refúgio político.

Raquel foi presa em 12 de janeiro, em La Grulla, na fronteira do México com o Texas, enquanto as outras três golpistas foram para a cadeia em 21 de janeiro, um dia após a posse de Trump. Elas foram capturadas em El Paso, na mesma fronteira de EUA e México.

Na rede X, Figueiredo afirmou que "é uma situação muito difícil para quem entrar ilegalmente nos EUA, pois o governo Trump tem uma política de tolerância zero".

"É uma questão, portanto, imigratória (deportação) e não criminal (extradição). Casos totalmente diferentes do Allan e outros asilados", afirmou.

Figueiredo, que atua com Eduardo Bolsonaro (PL) para fazer lobby por uma intervenção de Trump na "ditadura do judiciário" no Brasil, então sinalizou qual seria o caminho para livrar as golpistas da prisão.

"O governo americano não extraditará procurados pela ditadura do Alexandre, mas deportará brasileiros e quaisquer imigrantes que entrem ilegalmente no país", emendou, fazendo um "apelo" para que os golpistas "não entrem ilegalmente nos EUA e não venham sem um caso imigratório sólido".

Figueiredo ainda ironizou o comentário de um seguidor, que disse que "elas poderiam entrar facilmente com pedido de asilo por perseguição política".

"Nossa ninguém nunca tinha pensado nisso", respondeu Figueiredo.

Em meio ao silêncio de Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos EUA, e do clã Bolsonaro sobre o caso, parlamentares radicais dos EUA que atuam no lobby contra o Brasil já estaria pressionando o governo Donald Trump para conceder asilo político às golpistas.

Segundo informações divulgadas por Jamil Chade, no portal Uol, alas políticas mais radicais do trumpismo já teriam colocado o tema em debate nos "círculos mais próximos da Casa Branca" alegando que seria um feito para levantar a bandeira que vem sendo defendida por Trump para intervir no cenário internacional: a interpretação que fazem sobre liberdade de expressão.

O Departamento de Estado, no entanto, não se pronunciou sobre o caso.

Essa ala mais radical querem que as brasileiras, presas pela ICE - a polícia de imigração dos EUA -, sejam tratadas como foragidos e recebam um tratamento semelhante a que Trump deu aos invasores do Capitólio, perdoando as penas e os considerando como "heróis".

Esses radicais estariam usando argumentações propagadas por Elon Musk nas redes sociais para atacar Alexandre de Moraes. A mesma narrativa é usada por Eduardo Bolsonaro para pedir que o ministro do STF seja impedido de entrar nos EUA e tenha as contas bloqueadas.

Conspiração

Entre os parlamentares republicanos que atuam no lobby pró-Bolsonaro estão o eputado trumpista Richard McCormick, da Georgia.

Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, neto do ditador João Baptista Figueiredo que foi denunciado pela tentativa de golpe, se encontraram com McCormick em 11 de fevereiro.

Na rede X, Eduardo revelou que, em conluio com o estadunidense, quer que Donald Trump imponha sanções ao Brasil utilizando a Lei Magnitsky, de 2012, usada pelos EUA contra aqueles que considera infratores dos direitos humanos.

"Agradeço a menção ao meu pai, Pres. Jair Bolsonaro, e o apoio do nobre Deputado americano Richard McCormick (Rep.-Georgia). A perseguição política enfrentada hoje no Brasil, através da 'LAWFARE' (guerra judicial), está envergonhando nosso Brasil diante do mundo. É lamentável ver que as sanções Magnitsky, normalmente reservadas para DITADURAS e violadores de direitos humanos, agora estão sendo consideradas contra autoridades do nosso país", diz Eduardo, como se não tivesse articulada a tentativa de sanção ao Brasil com o deputado estadunidense.

Um pouco antes de Eduardo, Jair Bolsonaro foi às redes e comemorou a publicação, agradecendo "a solidariedade e consideração" do deputado republicano.

"É triste o que nosso país vem passando ultimamente. Esperamos que não chegue a um ponto mais extremo, por conta de alguns que se consideram deuses e acima da lei, colocando em risco toda a estrutura do nosso amado país. Deus os abençoe", afirmou o ex-presidente denunciado por golpe de Estado.

Bolsonaro também agradeceu ao senador republicano Mike Lee, do Arizona, que anunciou que viajará "para o Brasil no final deste ano com alguns dos meus colegas do Senado e pretendo fazer algumas perguntas difíceis sobre o Juiz Alexandre de Moraes e a suposta instrumentalização política do sistema judiciário brasileiro".

"Muito obrigado, Senador Mike Lee. Infelizmente, o Brasil foi convertido em um laboratório de ativismo judicial, abusos de poder e aplicação seletiva da lei para fins políticos", escreveu o ex-presidente às 23h46.

Bolsonaro também agradeceu a Elon Musk que compartilhou a publicação do senador Mike Lee sobre a "visita" ao Brasil no final do ano: "good", escreveu o bilionário.

"Hugs from Brazil, @elonmusk", comentou Bolsonaro, mandando abraços em inglês.
 

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