CLEBER LOURENÇO

Julgamento de denúncia do plano golpista começa no Dia Nacional da Constituição

Sessões do STF ocorrem nos dias 25 e 26 de março, coincidindo com a data histórica da primeira Carta Magna brasileiro

Jair Bolsonaro em desespero com julgamento.Créditos: Reprodução de vídeo / Rede X
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O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciará no próximo dia 25 de março o julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento em um suposto plano golpista. A data, que marca o Dia Nacional da Constituição, reforça o peso simbólico do processo, já que a Constituição Federal de 1988 é considerada um dos pilares da redemocratização do Brasil.

O ministro Cristiano Zanin, relator do caso, agendou três sessões para os dias 25 e 26 de março na Primeira Turma do STF, que é composta também pelos ministros Carmen Lúcia, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Luiz Fux. O julgamento analisará a denúncia elaborada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que dividiu os envolvidos em diferentes núcleos, sendo Bolsonaro enquadrado no primeiro grupo, considerado o mais relevante, ao lado dos ex-ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa)AC.

Rapidez no andamento do processo

A celeridade na tramitação tem sido motivo de críticas e elogios. Enquanto parlamentares da oposição reclamam da "agilidade excessiva" do Judiciário, governistas comemoram o rápido avanço do caso. A PGR e o STF aceleraram os procedimentos, com o ministro Alexandre de Moraes despachando as manifestações das defesas dos acusados nas primeiras horas do sábado, antes mesmo do prazo final. A expectativa é que o julgamento transAcorra sem adiamentos, mantendo o ritmo rápido que tem marcado a condução desse caso.

A rapidez no processo pode ser explicada pela importância do caso, que envolve não apenas Bolsonaro, mas também ex-ministros e outras figuras políticas influentes. O Supremo Tribunal Federal tem sido alvo de ataques por parte da oposição, que considera que há um viés político na tramitação do processo. Por outro lado, juristas destacam que a rapidez é necessária para garantir que eventuais crimes contra a democracia sejam devidamente julgados.

Coincidência de datas e impacto político

A coincidência entre o início do julgamento e o Dia Nacional da Constituição é um fator que pode influenciar a narrativa política e midiática em torno do processo. Em 25 de março de 1824, Dom Pedro I outorgou a primeira Constituição do Brasil, instituindo a monarquia constitucional e estabelecendo a separação dos Poderes. Desde então, o país teve sete Cartas Magnas, sendo a atual, de 1988, a mais duradoura e responsável por garantir o sufrágio universal e os princípios democráticos.

A evolução histórica das Constituições brasileiras reforça a importância do julgamento de Bolsonaro, que poderá ser um marco na jurisprudência sobre tentativas de subverter a ordem democrática. Analistas apontam que essa coincidência de datas pode ser usada tanto pela defesa quanto pela acusação para reforçar suas teses: enquanto aliados do ex-presidente podem argumentar que há um simbolismo exacerbado na escolha da data, críticos destacam que a democracia brasileira estará reafirmando seus valores justamente em uma data histórica.

Consequências para Bolsonaro e aliados

Caso a Primeira Turma aceite a denúncia, Bolsonaro será formalmente tornado réu, o que poderá impactar sua influência política e a de seus aliados. O desfecho também poderá redefinir os rumos da extrema direita no Brasil e a reorganização do campo conservador, especialmente em um ano de eleições municipais. Além disso, há o risco de que uma eventual condenação possa comprometer ainda mais sua capacidade de influenciar disputas eleitorais futuras, consolidando sua inelegibilidade por um período prolongado.

Aliados de Bolsonaro também podem ser afetados pelo julgamento, principalmente os ex-ministros citados na denúncia. Caso a decisão do STF aponte para a existência de um esquema coordenado, as consequências jurídicas poderão ser severas, incluindo eventuais prisões e a impossibilidade de retorno à vida política. A oposição ao governo Lula acompanha de perto o desenrolar do caso, apostando na possibilidade de mobilização popular para reagir ao julgamento.

Com a expectativa de um julgamento rápido e de forte repercussão, os próximos dias serão decisivos para o futuro político de Bolsonaro e para a consolidação das instituições democráticas no país. Caso a justiça seja rápida na decisão, isso poderá gerar um efeito cascata para outros processos relacionados a tentativas de desestabilização democrática, estabelecendo um novo paradigma na responsabilização de agentes políticos.

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