ELEIÇÕES 2026

Humberto Costa diz que PT deve apostar em candidatos "fortemente competitivos" ao Senado

Ao Fórum Onze e Meia, senador e presidente do partido falou sobre as estratégias da legenda para a disputa em 2026

Senador Humberto Costa (PT).Créditos: Waldemir Barreto/Agência Senado
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O novo presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), senador Humberto Costa, esteve no Fórum Onze e Meia desta terça-feira (11) para falar sobre as estratégias do partido para a disputa pelo Senado em 2026. O parlamentar também comentou as perspectivas para a presidência do PT, para a federação com o PCdoB e o PV e a possível prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

De acordo com o senador, o PT já montou um grupo de trabalho eleitoral com integrantes da executiva nacional, responsável por fazer um diagnóstico da situação de cada estado do país, para apresentar sugestões à direção nacional do partido. O próximo passo é discutir as principais questões com o presidente Lula (PT) e com articuladores. 

O parlamentar garante, porém, que as principais estratégias a partir do resultado das eleições do ano que vem serão a continuidade da democracia e o respeito à Constituição. Nesse contexto, o senador afirma que o PT deve apostar apenas em candidatos que sejam "fortemente competitivos" e comprometidos com a reeleição de Lula. 

"Nós vamos traçar uma estratégia que é a de não apenas buscar eleger membros do PT, mas eleger candidatos que são da base do governo do presidente Lula. Isso significa que nós poderemos apoiar candidatos de esquerda de outros partidos, de centro de outros partidos e até candidatos de centro direita de outros partidos, desde que estejam não só comprometidos com a candidatura do presidente Lula, mas comprometidos com a defesa da democracia, da constituição e da liberdade", afirma o senador.

Ele ainda acrescenta que os candidatos devem ser "frontalmente contra" o objetivo da extrema direita de conceder anistia aos golpistas, de fazer impeachment de ministros do Supremo e de tentar impedir a nomeação de pessoas importantes para o corpo diplomático e para as agências de regulação.

Humberto Costa informou que a primeira reunião de trabalho do grupo responsável pelo diagnóstico eleitoral deve acontecer na semana que vem, para que o PT apresente à direção do partido e ao presidente Lula. 

O senador também apontou para outra estratégia que pode ser adotada na disputa eleitoral pelo Senado em 2026, que é lançar candidaturas de pessoas da sociedade civil que têm grande influência. Para ele, essa é uma possibilidade "inteiramente válida". Ele aponta que a extrema direita tem conquistado espaços justamente se valendo da utilização de celebridades e de grandes influenciadores de direita. 

"Nada impede que nós possamos ter pessoas que têm ampla representatividade social, que são influentes politicamente, que são reconhecidas pela sua defesa da democracia, das liberdades, na medida em que elas concordem de ser lançadas ao Senado ou a outros espaços", afirma.

"Nós temos que ampliar, inclusive, assim como a direita vem fazendo, a participação no parlamento ou nos governos, de pessoas que podem ter esse perfil. Eu me mostro inteiramente aberto a essa possibilidade, com certeza nós vamos discutir", conclui o parlamentar. 

Prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro

Durante a entrevista, o senador também falou sobre a possível prisão de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, como mostrou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Para Humberto, a prisão do ex-presidente deve ocorrer ainda este ano. 

"A investigação da Polícia Federal foi feita com muita meticulosidade. As provas são contundentes. A posição da PGR na elaboração da denúncia complementa esse trabalho e eu acredito que as condições para que essa denúncia seja aceita e essas pessoas sejam qualificadas como réus e venham a ser julgadas é muito grande", diz o senador. 

Humberto acrescenta que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) faz considerações de que o julgamento dos golpistas não deve "contaminar" o processo eleitoral de 2026. Portanto, a condenação dos possíveis réus deve ocorrer ainda este ano. 

"Eu acredito que todas as condições estão dadas para que esse julgamento aconteça neste ano e, havendo condenação do ex-presidente e dos cabeças daquela tentativa de golpe, aqueles que forem condenados à prisão serão presos, sim. E o ex-presidente não será uma exceção", avalia o senador. 

Eleição do próximo presidente do PT 

Ocupando o cargo de presidente do PT após a saída da deputada Gleisi Hoffmann, que assumiu a Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula, Humberto afirma que pretende apenas concluir o mandato até julho e não se candidatar para ser o próximo presidente do partido. 

"Eu era um dos vice-presidentes do partido e, na conversa que fizemos, chegamos à conclusão que para esse período da transição, o nome que melhor se adaptaria a assumir esse trabalho, inclusive de busca da unificação partidária, seria o meu. Então, o meu compromisso, a minha disposição, é ficar até julho", esclarece o senador. 

Ele completa afirmando que tem muitas responsabilidades, inclusive como segundo vice-presidente do Senado e também a preparação para sua disputa para continuar no cargo em 2026.

Em relação a possíveis nomes para a disputa da presidência do partido, o senador citou o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva, o deputado federal Rui Falcão e Valter Pomar. Nenhuma candidatura, porém, está formalizada.

Federação PT, PCdoB e PV

O senador também fez ponderações sobre a federação PT, PCdoB e PV, a qual tem grandes críticas. Ele afirma que uma federação pode ser "interessante", mas que ela "precisa ter uma rediscussão sobre sua forma de estruturação, organização, distribuição e de poderes".

Humberto analisa que, na prática, o que ficou ainda mais evidente com a eleição passada, é que há uma substituição da chamada "coligação proporcional" pelo sistema de federação. Ele afirma que o PT, nas coligações que fez, por ser um partido muito grande, apresentava um grande número de candidatos. Outros partidos menores, porém, apresentavam um número pequeno, que concentrava os candidatos e fazia com que o PT perdesse vagas. "Quando é muito importante que o PT também possa ocupar o seu espaço, possa ter bancadas maiores", defende o senador. 

Porém, o principal problema das federações para o senador é que não há direito de veto ou de questionamentos. "Muitas vezes são filiadas pessoas que nada têm a ver com a federação, nada tem a ver com os partidos que compõem a federação e que terminam por ocupar espaços e vagas que são tradicionalmente do PT", acrescenta.

Confira entrevista completa do senador Humberto Costa ao Fórum Onze e Meia 

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