MACHISMO

Nísia Trindade critica misoginia e desvalorização de seu trabalho em discurso de despedida

Ex-ministra reforça críticas a ataques misóginos sofridos durante sua gestão e cobra respeito na política

Créditos: Reprodução redes sociais
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A ex-ministra da Saúde Nísia Trindade afirmou, nesta segunda-feira (10), que foi alvo de uma "campanha misógina e sistemática" para desqualificar sua gestão à frente do Ministério da Saúde. A declaração foi feita durante a cerimônia de posse do novo ministro Alexandre Padilha, no Palácio do Planalto, onde ela também reforçou a necessidade de um ambiente político mais respeitoso, especialmente para as mulheres.

"Não posso esquecer que, durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu para desvalorizar meu trabalho, minha capacidade e minha idoneidade. Não é possível e não devemos aceitar como natural um comportamento político dessa natureza", afirmou Nísia em seu discurso.

A cientista social foi demitida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 25 de março, após um processo de desgaste dentro do governo. O Planalto optou por Alexandre Padilha, que também ocupava o cargo de ministro de Relações Institucionais, apostando em um nome com maior traquejo político para impulsionar programas como o Mais Acesso a Especialistas, que busca ampliar consultas e exames no SUS.

A ex-ministra também mencionou sua insatisfação com o tratamento recebido ao longo da gestão, especialmente nos últimos meses, em meio às pressões políticas por sua substituição. "Podemos e devemos construir uma nova política baseada eficazmente no respeito e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida da nossa população", declarou.

A permanência de Nísia no cargo vinha sendo questionada desde o final de 2023, com críticas internas tanto de interlocutores do PT quanto de aliados do Centrão. Os principais pontos de insatisfação envolviam dificuldades de articulação política, atraso na implementação do Mais Acesso a Especialistas, crise na gestão dos hospitais federais do Rio de Janeiro, aumento expressivo de casos de dengue e o desperdício de vacinas.

Lula, inicialmente, resistiu à pressão para demitir Nísia, cobrando resultados e maior agilidade na execução dos programas. Contudo, a necessidade de um rearranjo político e a avaliação de que a gestão não estava surtindo o efeito esperado junto à população levaram à decisão final pela troca.

Com a saída de Nísia, Alexandre Padilha assume o Ministério da Saúde com a missão de acelerar programas estratégicos da gestão e fortalecer a relação do governo com parlamentares e gestores estaduais, uma exigência considerada fundamental para consolidar políticas de saúde e viabilizar entregas no setor.

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