Ele assumiu a presidência da Câmara dos Deputados fazendo um verdadeiro cosplay de Ulisses Guimarães ao dizer que “tem ódio e nojo à ditadura” e, assim como o líder histórico da redemocratização, ergueu a Constituição Federal e gritou três vezes “viva a democracia”. Porém, apenas uma semana já foi o suficiente para deixar claro que Hugo Motta (Republicanos-PB) não é tão amante assim da convivência democrática, mas sim apenas mais um parlamentar afinadíssimo com o discurso cínico e autoritário do bolsonarismo.
Numa entrevista à rádio Arapuan FM, de João Pessoa (PB), Motta disse sem rodeios que o fatídico 8 de janeiro de 2023 não foi uma tentativa de golpe de Estado. O deputado começou afirmando que o ataque foi “uma agressão às instituições”, mas logo depois afirmou que “não teve líder” e “nem apoio das Forças Armadas”, ignorando o fato de que Jair Bolsonaro (PL) já foi indiciado pela PF como chefe da intentona e que todas as provas apontam para a participação de inúmeros oficiais generais das Forças Armadas, inclusive do comandante da Marinha.
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“O que aconteceu não pode se repetir. Foi uma agressão às instituições, algo inimaginável. Acho que ninguém esperava que aquilo pudesse ocorrer. Agora, querer chamar de golpe é exagero. Um golpe precisa de um líder, de alguém que o estimule, além do apoio de outras instituições, como as Forças Armadas. E isso não aconteceu,”, disse Motta, até para incredulidade do radialista que o entrevistava.
Ao notar que tinha sido bem explícito, Motta passou a dizer que as pessoas envolvidas naquele ato devem pagar na Justiça, mas com “penalidades proporcionais e sem excessos”, num claro sinal de ver com bons olhos as iniciativas por anistia que a extrema direita quer pautar no Congresso.
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“Os responsáveis pelos atos de depredação e violência devem, sim, ser punidos para evitar que algo semelhante aconteça novamente. Mas é fundamental que as penalidades sejam proporcionais, sem excessos contra aqueles que não cometeram crimes de maior gravidade”, acrescentou.
Por fim, ele ainda procurou baixar a fervura do que acabara de dizer e começou a “explicar” que o tema “divide a Casa e gera tensionamentos”, não sem antes chamar Bolsonaro de “presidente”, o que ele já deixou de ser há muito tempo.
“O que o presidente Bolsonaro disse foi o seguinte: “Primeiro, eu não quero anistia para mim. A minha preocupação é com as pessoas que estão sendo condenadas pelos atos de 8 de janeiro, que acredito estarem recebendo penas muito severas. Se houver um ambiente político favorável no colégio de líderes, peço que não atrapalhem a pauta, para que ela seja apreciada pelo plenário. Por outro lado, o Partido dos Trabalhadores (PT) se posicionou afirmando que “essa pauta não pode avançar, pois representa um retrocesso e um problema. É um assunto que divide a casa e gera tensionamento com o Judiciário e o Executivo. Por isso, temos cuidado ao tratar desse tema”, concluiu o presidente da Câmara Federal.
Veja o vídeo com a declaração: