COMUNICAÇÃO

Sem conseguir lançar campanhas sobre Pix e isenção do IR, Secom prepara nova ação

Problemas na estrutura de comunicação e falta de definição nas agências travam a veiculação de campanhas estratégicas do governo, dificultando a divulgação de ações e políticas públicas

Créditos: Pedro França/Agência Senado
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A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) tem encontrado dificuldades para colocar no ar campanhas institucionais que visam divulgar medidas e realizações do governo. A falta de uma estrutura bem definida para comunicação digital e a ausência de uma agência específica para este segmento contribuem para a lentidão no processo. Além disso, há uma burocracia interna que impede a aprovação célere das campanhas, o que resulta em adiamentos sucessivos.

Casos concretos ilustram o problema. Uma campanha planejada para explicar a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil foi finalizada, mas nunca chegou a ser veiculada. Da mesma forma, a Secom encomendou uma campanha para esclarecer a medida de fiscalização do Pix – reforçando que a mudança não se tratava de uma taxação –, mas antes que o material fosse ao ar, a medida foi revogada. Posteriormente, foi solicitado que a campanha fosse reformulada para explicar a revogação, mas essa versão também nunca saiu do papel. A situação se repete com outras iniciativas, como a campanha para destacar os investimentos na saúde pública e na educação, que foram suspensas sem explicação oficial.

Membros da articulação política do Palácio do Planalto confirmam que novas campanhas estão em desenvolvimento, mas não há prazos claros para sua veiculação. Mensagens trocadas entre integrantes do governo mostram que uma das estratégias de comunicação adotadas será reforçar o mote "O Brasil é dos brasileiros", possivelmente nas inserções de rádio e TV. No entanto, sem uma coordenação eficiente, a eficácia desse plano permanece incerta.

A indefinição sobre as campanhas reflete uma dificuldade mais ampla na Secom em estruturar sua comunicação. Diferentemente de gestões anteriores, ainda não há uma agência digital específica para lidar com o fluxo constante de desinformação nas redes e impulsionar a agenda do governo. A contratação de agências para esse fim está em andamento, mas os processos são vagarosos, deixando um vácuo na estratégia digital. O impacto dessa deficiência na comunicação institucional já é percebido por aliados políticos, que apontam uma falta de direcionamento nas mensagens oficiais.

Especialistas em comunicação política alertam que a demora na execução dessas campanhas compromete a capacidade do governo de esclarecer medidas econômicas e sociais à população, permitindo que narrativas contrárias e desinformação ganhem espaço. A ausência de uma presença digital mais efetiva reforça a impressão de falta de articulação, algo que pode afetar a percepção pública sobre a gestão.

Enquanto isso, a equipe de comunicação segue trabalhando para definir o formato e os canais pelos quais as campanhas serão, enfim, divulgadas. O desafio principal é garantir que as mensagens cheguem ao público de forma clara e eficiente, sem os entraves burocráticos que vêm prejudicando a execução das iniciativas de comunicação governamental.

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