Nesta quinta-feira (20), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo dos áudios e vídeos da delação premiada de Mauro Cid, o ex-faz-tudo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em determinado momento da delação, Mauro Cid relata como era a participação do general Braga Netto, que foi candidato à vice-presidência da República na chapa de Bolsonaro na eleição de 2022, na trama golpista. No trecho em questão, Cid revela um encontro com Netto, onde este leva dinheiro escondido em uma caixa de vinho para financiar ações do golpe.
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"[...] Netto me entrega dinheiro. Se eu não me engano, creio que foi quando o De Oliveira esteve no Alvorada. Ele me entregou uma, era uma coisinha de vinho, de presente de vinho com dinheiro. Eu não contei, eu não sei quanto [tinha], estava grampeado. Aí o De Oliveira veio buscar o dinheiro. Peguei o dinheiro e passei para o De Oliveira", relatou Mauro Cid.
O De Oliveira citado por Mauro Cid é o general da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, que foi acusado pela Polícia Federal de integrar o Núcleo de Oficiais de Alta Patente e Apoio. De acordo com a denúncia, este núcleo era responsável por dar suporte e executar ações como o sequestro do ministro Alexandre de Moraes. Esta missão seria de responsabilidade dos "Kids pretos", a Força Especial do Exército.
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Mauro Cid conta que Bolsonaro levou minuta do golpe aos militares
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou nesta quinta-feira (20) o sigilo dos áudios e vídeos da delação premiada feita por Mauro Cid, o ex-faz-tudo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em um dos trechos, Mauro Cid conta que o ex-presidente Jair Bolsonaro levou a minuta do golpe aos militares.
Alexandre de Moraes: Foi nessa reunião que o presidente mostrou a minuta do golpe para os comandantes?
Mauro Cid: Eu creio que sim.
Alexandre de Moraes: Conforme já detalhado em reunião anterior do colaborador, foi nessa reunião do dia 7 de dezembro que o então presidente Jair Bolsonaro mostrou aos comandantes a denominada "minuta do golpe". Não tendo recebido apoio dos comandantes do Exército e da Força Aérea, pois somente o comandante da Marinha aderiu à proposta.
Mauro Cid: Ministro, só para deixar claro: essa informação eu recebi via general Freire Gomes depois que a reunião acabou. Eu não participei da reunião.
Alexandre de Moraes: Essa informação foi recebida pelo colaborador diretamente pelo general Freire Gomes, comandante do Exército.
Confira abaixo o momento da delação em que Mauro Cid contou que o ex-presidente Jair Bolsonaro levou a minuta do golpe aos militares:
Cid diz que Bolsonaro recebia informações que "Lula estava muito doente"
Em vídeo de um de seus depoimentos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Jair Bolsonaro (PL) recebia informações que diziam que Lula "estava muito doente" enquanto articulava a trama golpista.
O vídeo foi divulgado por decisão de Moraes, que decidiu levantar o sigilo das mídias - em áudio e vídeo - nesta quinta-feira (20).
As imagens do depoimento, que teve a participação do Procurador-Geral da República (PGR) Paulo Gonet, foram divulgadas um dia após Moraes quebrar o sigilo da transcrição das delações. Cid fala sobre um suposto monitoramento de Lula.
"As informações que a gente recebia do presidente Lula eram informações de campanha, que ele estava muito doente, que ele não aguentava ficar em pé por muito tempo, que tomava remédios controlados. Esse tipo de informação que recebíamos do presidente Lula. Mas deslocamento dele, segurança dele, nunca me foi demandado sobre o presidente Lula", afirmou.
Em seguida, Moraes indagou Cid sobre o monitoramento que foi feito dele a pedido de Bolsonaro.
"Quando o ex-presidente Bolsonaro pediu meu monitoramento vocês fizeram como", indaga o ministro.
"Eu solicitei para o [tenente-coronel Marcelo] Câmara", respondeu Cid. "Tá. Ele que fazia essa parte", diz Moraes.
"Eu não sei quem era o contato dele, nunca perguntei obviamente. Isso ai, ministro é bem clássico dos serviços de inteligência e das Forças Especiais: compartimentação da informação e [inaudível] do saber. É o contato dele. Eu não quero saber. Se muita gente ficar ligando para o contato, acaba caindo o contato", diz.
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