VAI E VEM

Bolsonaro recua e filho Eduardo ganha força como candidato à presidência em 2026

Após cogitar candidatura de Michelle, movimentações no clã dão sinais de fortalecimento a uma eventual candidatura do deputado federal paulista

Eduardo e Jair Bolsonaro em entrevista à Revista OesteCréditos: Reprodução
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Depois de ter cogitado uma candidatura presidencial de sua esposa, Michelle, em entrevista concedida à CNN nesta quinta-feira (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um movimento de recuo em outra entrevista, desta vez à Revista Oeste.

Quando falou da hipótese de Michelle ser candidata, Bolsonaro inclusive aventou a possibilidade, em uma eventual vitória dela, de ocupar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil.

Embora na conversa de sexta-feira (24) à noite, com a Oeste, tenha manifestado o desejo de voltar à presidência, "uma coisa parecida com o Trump", o ex-presidente mencionou possíveis presidenciáveis como os governadores Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior, Romeu Zema, e integrantes de sua família, Eduardo, Flávio e Michelle. Contudo, na entrevista, foi Eduardo quem esteve ao seu lado no vídeo durante todo o tempo.

O ex-presidente disse que um presidenciável deve ter força em todas as regiões do Brasil. "O Tarcísio está fazendo um ótimo trabalho em São Paulo, mas ele tem entrado no Nordeste?", questionou.

"Eu me sacrificaria", disse Eduardo Bolsonaro

A conversa de Bolsonaro na noite de sexta aconteceu após a publicação de uma entrevista de Eduardo a O Globo, na manhã do mesmo dia.

O deputado federal paulista fez questão de demonstrar publicamente lealdade ao pai ao dizer que "se Bolsonaro mandar, eu apoio qualquer um. Não vou contestar a liderança dele".

Ao responder sobre como se sentia ao ser apresentado por Steve Bannon, ex-estrategista de Trump e um dos principais articuladores da extrema direita internacional, como "futuro presidente do Brasil", voltou a reforçar sua fidelidade. "Vejo esses comentários como elogio, mas meu plano A, B e C segue sendo Jair Bolsonaro. Mas, se ocorrer, se for para ser o candidato com ele escolhendo, eu me sacrificaria, sim."

A presença do filho ao lado do pai, na entrevista noturna, mostra que Bolsonaro aprovou sua performance. Ainda mais levando-se em conta que o parlamentar já havia sido desautorizado pelo ex-presidente quando cogitou uma possível candidatura ao Palácio do Planalto. Agora, o discurso está alinhado.

Sem saída

As idas e vindas de Jair Bolsonaro podem sugerir que nomes estão sendo testados diante da opinião pública à medida que o próprio ex-presidente enxergue que suas chances de reverter a inelegibilidade, decretada até 2030, são mínimas. Mas também podem significar outra coisa.

"Ele não desistirá. Continuará com declarações dúbias como essas que deu. Uma hora ele apoia a esposa, outra hora apoia os filhos. Outra hora ele dirá que será ministro da Casa Civil. Isso sugere desespero e sugere que ele não vê saída", analisa o professor de ciência política Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ao Correio Braziliense.

A estratégia pode ser boa para o ex-presidente manter seu domínio e sua influência política, mas pode jogar contra as pretensões de outras figuras de seu campo. "Para ele, individualmente, essa posição é correta. Desse modo, consegue interferir nas decisões para senador, para deputados estaduais e federais. Porém, para a direita, é muito ruim. Porque a direita vai ficar esperando o Bolsonaro, e ele vai se decidir no último minuto. Esse é o equívoco da direita", afirma Oliveira. 

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