A crise envolvendo o Pix, originada pela desinformação sobre uma norma fiscal que exigia o envio de informações sobre transações financeiras à Receita Federal, deixou marcas profundas na articulação política e na relação do governo com seus apoiadores. A medida foi amplamente mal interpretada como uma tentativa de taxar transações via Pix, gerando uma onda de fake news e um impacto significativo na opinião pública. Sob pressão, o governo decidiu revogar a norma, mas o recuo gerou críticas tanto externas quanto internas, especialmente entre influenciadores alinhados ao Planalto.
Críticas e frustração entre influenciadores
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A revogação da norma causou um sentimento de frustração e abandono entre os influenciadores que haviam se mobilizado para defender a medida. Muitos deles dedicaram esforços para combater a desinformação, defendendo a narrativa de que a fiscalização era necessária para o combate à sonegação fiscal. No entanto, o recuo repentino os deixou sem respaldo, tornando-os alvos fáceis de críticas nas redes sociais e gerando descontentamento generalizado nos grupos de apoio.
Dentro desses grupos, críticas frequentes apontavam a falta de respostas claras e a ausência de representantes do governo para rebater questionamentos ou fornecer esclarecimentos. Além disso, grupos de influência próximos à primeira-dama foram acusados de não oferecerem mobilizações concretas e eficazes, ampliando o ceticismo e a sensação de desorganização.
Mobilização para viralizar Erika Hilton
Após a crise, o governo buscou recuperar a narrativa pública por meio de um vídeo da deputada Erika Hilton, que criticava diretamente o deputado Nikolas Ferreira. A gravação ganhou grande tração nas redes sociais, tornando-se uma peça central na estratégia de comunicação para responder às críticas e combater as fake news relacionadas ao Pix.
A liderança do governo na Câmara divulgou diretrizes específicas para a base aliada ampliar o alcance do vídeo, que incluíam:
- Comentar na publicação original de Erika Hilton para aumentar o engajamento.
- Repostar o vídeo nos stories dos perfis de parlamentares aliados.
- Publicar o vídeo nos perfis oficiais de deputados e deputadas, com o material disponibilizado em diferentes formatos (alta e baixa qualidade) para facilitar o compartilhamento.
Além disso, a liderança solicitou que os coordenadores de comunicação de cada partido se articulassem com as assessorias de seus parlamentares para garantir que a mobilização fosse realizada de forma eficaz. O esforço, iniciado quase às 21h do último sábado (18), demonstrou a urgência do governo em reagir à crise, mas também expôs a dependência de ações emergenciais para lidar com desafios de comunicação.
Reflexões e desafios futuros
A crise do Pix revelou fragilidades na articulação política e na comunicação estratégica do governo. A falta de uma resposta inicial clara deixou aliados desprotegidos e aumentou o desgaste nas redes sociais. Apesar de a mobilização em torno do vídeo de Erika Hilton ter recuperado parte do debate público, o episódio destacou a necessidade de uma abordagem mais preventiva e estruturada para evitar crises similares.
Internamente, o governo enfrenta o desafio de reconstruir a confiança entre seus apoiadores e demonstrar maior organização em momentos de crise. A gestão da narrativa pública, especialmente em questões sensíveis, precisará ser tratada como prioridade para evitar que situações como a do Pix voltem a comprometer sua relação com a opinião pública e com sua base política.