Jair Bolsonaro (PL) não tem limites e não respeita ninguém, tendo já provado isso várias vezes. Só que desta vez ele parece realmente estar implorando por uma prisão preventiva. Ao dar entrevista nesta segunda-feira (20) a uma rádio de extrema direita que mantém um canal no YouTube, a Auriverde, o ex-presidente falou abertamente e sem qualquer rodeio que, se decidir por uma fuga, fará isso. Ele se mostrou particularmente irritado e “emotivo” por não ter recebido autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para ir aos EUA acompanhar a posse do presidente Donald Trump.
“Um juiz que é o dono de tudo aqui no Brasil. É o dono da sua liberdade. Ele abre inquérito, ele te ouve, ouve o delator. Ele é o promotor, ele é o julgador, ele encaminha o seu juiz para fazer parte de audiência de custódia, tudo ele! Tira teu passaporte. Ele pode fugir. Eu posso fugir agora. Qualquer um pode fugir”, disse o antigo ocupante do Palácio do Planalto, desafiando de forma aberta a Justiça brasileira.
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Um fato é certo: se tivesse sido autorizado, não teria participado de coisa alguma, pelo menos de forma direita, já que seu filho Eduardo e sua esposa Michelle, “enviados oficiais” a Washington, não conseguiram entrar no Capitólio para acompanhar o ato de assunção de Trump ao poder. Mas ele insistiu na bravata do convite.
“Eu fui convidado. Toda a imprensa do mundo todo divulgou isso aí. Como a imprensa do mundo todo está divulgando que eu fui proibido de ir para lá por causa de uma decisão de um juiz”, provocou novamente ele.
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Bolsonaro aproveitou ainda para fazer pressão contra sua inelegibilidade. Ele não pode disputar cargos públicos até 2030 por conta de crimes que cometeu no âmbito da legislação eleitoral durante seu mandato.
“Já tá difícil falar em democracia hoje em dia, né? Mas eleições, sem oposição, não é democracia. Deixa o povo decidir. Isso não é democracia? Alguns falam, ‘quem seria o seu reserva para 2026 se você não vier?’ Se eu não vier, é sinal que não tem democracia”, disse ainda.
A nova investida de Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal, falando claramente sobre suas intenções de fugir, reabriu novamente uma discussão que já dura pelo menos um ano. Desde que tentou refugiar-se na embaixada da Hungria, em Brasília, no ano passado, grande parte dos juristas acredita que o ex-presidente deveria já estar na cadeia, de forma preventiva. A medida cautelar seria facilmente justificável pelas declarações dele assumindo que tem a intenção de escapar das garras da Justiça e, sobretudo, por sua insistência em não querer aceitar o cumprimento da lei.