TRAMA GOLPISTA

Quem é o general e deputado bolsonarista condenado a pagar R$ 2 milhões por incitar golpe

Parlamentar é acusado de incentivar aglomerações em frente a quartel do Exército e incentivar conspirações contra o Estado Democrático de Direito

O deputado bolsonarista General Girão.Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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O deputado federal bolsonarista General Girão (PL-RN) foi condenado pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte, na última sexta-feira (10), a pagar R$ 2 milhões por danos morais coletivos. O parlamentar é acusado de incitar atos golpistas em frente a quartéis do Exército após as eleições presidenciais de 2022, nas quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Girão também foi obrigado a apagar publicações relacionadas ao tema. Ainda cabe recurso. 

Segundo o juiz Janilson de Siqueira, da 4ª Vara Federal do RN, as publicações de Girão incitando golpe afrontaram o Estado de Direito, fomentando desinformação e discurso de ódio contra instituições democráticas. Entre as postagens do bolsonarista que motivaram a condenação, estão acusações falsas de fraude no sistema eleitoral, ataques ao presidente Lula e incentivos à manutenção de acampamentos em frente ao 16º Batalhão de Infantaria Motorizada, em Natal

“As referidas condutas ofendem toda a sociedade brasileira comprometida com os ditames constitucionais, especialmente os atrelados à democracia (...) E apresenta-se ainda mais reprovável se considerada sua condição de deputado, eleito pelo voto popular, jurando zelar pelas instituições democráticas, pelo pluralismo e respeito de ideias", escreveu o magistrado em sua sentença. 

A decisão foi proferida na semana em que a invasão às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, completou 2 anos. 

União condenada por nota das Forças Armadas 

Na mesma decisão, a Justiça condenou a União a pagar multa de R$ 2 milhões em indenização por conta da nota conjunta assinada pelos então comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, em novembro de 2022, que foi considerada um estímulo aos atos golpistas. O documento, que se referia aos atos como "manifestações populares", utilizava termos como "povo" em destaque, enquanto relegava "democracia" a um plano secundário. Para o juiz, a nota deu uma falsa sensação de legitimidade às mobilizações antidemocráticas.

Como parte das sanções, a União ainda foi condenada a organizar, em até 60 dias, uma cerimônia pública de pedido de desculpas, com a participação dos atuais comandantes das Forças Armadas. Além disso, será implementado um curso de formação para militares com foco na revisão crítica dos episódios de 2022.

Quem é o general Girão

Deputado federal pelo Rio Grande do Norte, o general Girão é um ex-oficial do Exército.  Ele entrou na política durante a ascensão do bolsonarismo e se tornou um dos principais aliados de Jair Bolsonaro na Câmara.

Como parlamentar, Girão tornou-se um articulador de pautas armamentistas e, entre o final de 2022 e início de 2023, um dos principais incitadores de uma ruptura democrática no Congresso Nacional.

Outro lado 

A defesa do general Girão afirma não haver provas de que o bolsonarista “contribuiu, articulou ou participou dos atos ocorridos no dia 8 de janeiro, sendo que nenhuma postagem configurou violência contra as  instituições” e alegou que o parlamentar é alvo de "perseguição ideológica". 

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