Mesmo ausente na maior parte do evento, o candidato a prefeito Pablo Marçal transformou o Sete de Setembro na avenida Paulista em um grande comício a céu aberto.
Dezenas de cabos eleitorais trabalharam distribuindo santinhos e pedindo votos, enquanto camelôs vendiam bonés com o símbolo do candidato a 30 reais.
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Foi o produto mais negociado, de acordo com vendedores consultados.
A organização do evento separou dois carros de som para que candidatos a vereador fizessem discursos.
Nos santinhos distribuídos, um ausente: Ricardo Nunes.
A Fórum recolheu propaganda eleitoral ao longo da avenida e constatou que Jair Bolsonaro e Marçal são os grandes cabos eleitorais, com o governador Tarcísio de Freitas num distante terceiro lugar.
A reportagem da Fórum consultou mais de cem presentes sobre sua opção eleitoral: Marçal ou o atual prefeito Ricardo Nunes?
Durante quase toda a tarde, Marçal foi unanimidade.
"Nunes não, pamonha", disse uma das entrevistadas, ao fazer o M com os dedos. Outro consultado, que não vota em São Paulo, se referiu a Nunes como "pão com ovo", ou seja, sem muita graça.
"É prosperidade", respondeu outro eleitor ao falar sobre Marçal.
"Esse é o dia da virada, porque se os dois vierem um vai ser vaiado e o outro vai ser aplaudido", disse um terceiro.
Diferentemente de manifestações anteriores testemunhadas por este repórter, desta vez o entusiasmo dos presentes estava com um candidato ausente, Marçal.
Ele só chegou no final do evento, vindo de El Salvador, mas não discursou.
SANGUE NOVO
"Bolsonaro tem sua importância, tem de continuar, mas foi um erro isso daí [apoio a Nunes]. Não porque ele quis, por causa do acordo do partido, ele está com as mãos amarradas", afirmou um eleitor, alegando que Marçal é "sangue novo".
Vários entrevistados elogiaram o estilo de confronto de Marçal contra a esquerda e alegaram que ele vai para cima do "sistema".
Lembrei a um dos eleitores que Marçal havia sido condenado por fazer parte de uma quadrilha que deu um golpe capturando dados de pessoas através da internet.
Ele era menor de idade. Ele tinha de fazer o que os patrões mandavam.
Depois de mais de duas horas caminhando pela avenida Paulista, a reportagem finalmente conseguiu encontrar uma única eleitora de Ricardo Nunes.
Arlete, que carregava uma cruz com imagem religiosa, alegou que estava com Bolsonaro e Tarcísio:
Nunes, porque eu sou bolsonarista. É Nunes, porque não dá para escolher outra coisa. Ele [Marçal] está disparando direto na internet. Eu deixo o celular ligado de repente ele entra. Ele é malandro, né. Se colocar no Google 'Marçal na África' vai mostrar tudo o que ele aprontou lá. Ele arrecadou dinheiro para construir 300 casas e só construiu 30. Tá no Google isso, não sou eu que estou falando. Só se o Google estiver mentindo. Então, ele tem conchavo com o sistema, não tem?