RELIGIÃO E POLÍTICA

Campanha de jejum e oração de Nikolas Ferreira fracassa e tem resultado inesperado

Campanha repleta de fascistas que oraram e jejuaram por 21 dias pelo Brasil termina com governo Lula surfando em aprovação e Bolsonaro indiciado por roubo de joias

Créditos: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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Na madrugada deste domingo (21), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) terminou a sua campanha “21 dias de jejum e oração pelo Brasil”, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. A contar pelo grupo que compareceu à vigília de encerramento, podemos ter a nítida impressão de que a tentativa do deputado mineiro flopou. E flopou muito. Tinha menos gente que nas carreatas de Bolsonaro pela baixada fluminense.

A campanha, que começou no dia 01 de julho, com uma live em que Nikolas dividia o protagonismo com Silas Malafaia tinha o objetivo preparar os evangélicos para uma enorme “batalha espiritual”. O mote “é assim que lutaremos as nossas guerras” esteve presente em todos os dias do evento, que acontecia virtualmente todos os dias às 22 horas, pelo canal do deputado. Durante os 21 “dias de luta”, personagens do mundo gospel, como André Valadão, Fernanda Brum, Teo Hayashi, David Quinlan, e alguns outros participaram ativamente das atividades.

Jejum na Bíblia e o jejum dos hipócritas

É sempre bom lembrar que o profeta bíblico Isaías fala sobre o tipo de jejum que agrada a Deus, que parece ser muito diferente do praticado pelos “cidadãos de bem” defensores do slogan “Deus, Pátria e Família”:

“A verdade é que nos dias de jejum vocês cuidam dos seus negócios e exploram os seus empregados.  Vocês passam os dias de jejum discutindo e brigando e chegam até a bater uns nos outros. Será que vocês pensam que, quando jejuam assim, eu vou ouvir as suas orações?
O que é que eu quero que vocês façam nos dias de jejum? Será que desejo que passem fome,
que se curvem como um bambu, que vistam roupa feita de pano grosseiro e se deitem em cima de cinzas? É isso o que vocês chamam de jejum? Acham que um dia de jejum assim me agrada?

Não! Não é esse o jejum que eu quero. Eu quero que soltem aqueles que foram presos injustamente, que tirem de cima deles o peso que os faz sofrer, que ponham em liberdade os que estão sendo oprimidos, que acabem com todo tipo de escravidão.
 O jejum que me agrada é que vocês repartam a sua comida com os famintos, que recebam em casa os pobres que estão desabrigados, que deem roupas aos que não têm e que nunca deixem de socorrer os seus parentes.”
(Isaías 58.3-10)

Resultados “inesperados”

Não custa relembrarmos que vários personagens evangélicos bolsonaristas fizeram estardalhaço com jejuns e orações nesses últimos anos, e quase todos com finais “surpreendentes”: Malafaia fez campanha de Jejum e oração contra a nomeação de Flavio Dino para o STF e o resultado nós já conhecemos. Marco Feliciano, em abril de 2020, convocou jejum e oração para conter o coronavírus e o resultado foi a explosão de casos e mortes no Brasil. Ou seja, parece que quando essa turma decide jejuar e orar, “dá ruim”.

Curiosamente, os dias em que jejuavam e oravam para que o Brasil encontrasse o “caminho da verdade e da justiça” foram justamente o tempo em que as pesquisas mostraram a maior e melhor aprovação do Governo Lula, crescendo em quase todos os setores pesquisados, inclusive entre evangélicos. E justamente nesse tempo, Bolsonaro foi indiciado por conta das joias roubadas e o escândalo da “Abin paralela” ganhou novos elementos, áudios e revelações que só complicam mais ainda a situação do ex-presidente e de sua familícia, de quem Nikolas é fiel escudeiro.

Será Deus respondendo as orações de seu povo?