O ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias, saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vem sendo alvo de um ataque orquestrado com produção em massa de memes que o associam a um falso aumento de tributos no país.
O rosto de Haddad, através dos detratores, vem estampando imagens com a hastah "Taxad" e a sugestão de que o ministro estaria taxando os mais pobres. São centenas de memes com as mais diversas referências da cultura da internet que visam criar uma pecha negativa ao titular da Fazenda e desestabilizar o governo Lula.
Nesta quarta-feira (17), Jorge Messias questionou o que está por trás da produção e massa de memes que, nos últimos dias, inundou a timeline de usuários das redes sociais.
"Quem financia a indústria de memes? Seriam os mais humildes, contemplados na reforma tributária? Ou seriam os mais ricos, alcançados pela tributação depois de muitos anos de benefícios?", escreveu Messias em seu perfil na rede X (antigo Twitter).
Para alguns internautas, o ministro ainda indicou que pode vir a abrir uma investigação sobre o caso pelo fato de ter proposto uma "reflexão" sobre o fenômeno.
"Vale a reflexão. Acho que os mais pobres não gastariam seus recursos atacando quem os defende. Vamos aprofundar a justiça fiscal com firmeza e correção", emendou.
Confira:
Taxad: entenda a campanha contra o ministro da Fazenda
Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas por centenas de memes que visam vincular o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à taxação dos mais pobres a partir da hashtag “Taxad”.
O que parecia ser algo espontâneo e apenas engraçado, uma brincadeira com o ministro da Fazenda, se revelou algo coordenado e com alto grau de profissionalismo, visto a qualidade dos memes, os referenciais semióticos e culturais e novamente, o volume. Inclusive, um dos cards contra Fernando Haddad foi exibido em um telão da Times Square.
Para além da "memeficação" do ministro Fernando Haddad enquanto alguém obsessivo por taxar a população brasileira, alguns pontos devem ser levados em conta quanto ao timing da campanha contra o ministro da Fazenda: ela inicia logo após duas pesquisas revelarem que a avaliação do presidente melhorou; também tem por objetivo estabelecer um discurso em torno da figura de Haddad (como um político taxador) e fazer com que a rejeição de sua figura o inviabilize a projetos políticos futuros, por exemplo, as disputas eleitorais de 2026 e 2030.
Mas, além do objetivo político-eleitoral da campanha "Taxad", há também um viés extremamente neoliberal contido nas imagens que circulam de maneira massiva nas redes: crítica à forte presença do Estado e políticas que favoreçam os mais pobres. Dessa maneira, a ação contra Fernando Haddad tem como um dos alvos a classe média, setor pendular na disputa eleitoral. Fixar nas mentalidade desse estrato da sociedade que ela foi taxada sobremaneira por Haddad e Lula.
Porém, dados divulgados pelo Ministério da Fazenda mostram que, ao contrário da campanha "Taxad", a carga tributária diminuiu no primeiro ano do governo Lula. Tal fato foi destacado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin durante conversa com jornalistas nesta terça-feira (16).
"Em 2023, a carga tributária bruta foi 32,4% do PIB [Produto Interno Bruto]. Ela era 33,7% até 2022. A carga tributária não só não aumentou no governo do presidente Lula como caiu. Caiu para 32,4%. Então, não teve aumento de carga tributária, até reduziu em 0,6%", afirmou Alckmin.
Em seguida, o vice-presidente afirmou que quem afirma que houve aumento de tributo (taxas) no Brasil, está mentindo. "Tem um fato importantíssimo que é a reforma tributária. Simplifica, substitui cinco impostos de consumo, IPI, PIS, Cofins, ISS e ICMS, por um IVA dual. Desonera completamente exportação, desonera completamente investimento. Agora, alguns querem enganar. Não tem aumento nenhum, estamos é simplificando", disse.
O vice-presidente Geraldo Alckmin toca num ponto importante que também ajuda a entender o que está por trás da campanha contra o ministro da Fazenda: a mentira e a desinformação. Em uma rápida análise nas redes e nos perfis que estão compartilhando, em sua maioria, são vinculados aos ideais da extrema direita, logo, neoliberais e contrários às políticas de bem-estar social e valorização do salário mínimo e ascensão social dos mais pobres.
Outra questão que está em jogo nessa campanha massiva contra o ministro da Fazenda é o fato de que ele é um defensor da taxação dos super-ricos, a qual ele considera "uma das formas para que desenvolvimento sustentável seja garantido”.
“Cada país pode fazer muito por si próprio. É exatamente isso que estamos construindo no Brasil com a Reforma Tributária. Entretanto, sem cooperação internacional, há um limite para atuação dos estados nacionais. Sem cooperação, aqueles no topo continuarão a evadir nossos sistemas tributários”, declarou Haddad em um encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril deste ano.
A campanha contra o ministro Fernando Haddad se torna ainda mais estranha quando observamos alguns dados recentes do governo Lula:
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