Em meio à repercussão explosiva da divulgação do áudio que mostra uma reunião no Palácio do Planalto, em 2020, na qual o então presidente Jair Bolsonaro (PL) se reúne com advogadas de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o então ministro-chefe do GSI, o general Augusto Heleno, para encontrar uma forma de interferir nas investigações sobre as rachadinhas atribuídas ao primogênito do mandatário à época, a bolha bolsonarista nas redes sociais dá vida à expressão popular e “finge demência” em relação ao devastador e criminoso escândalo que envolve o antigo clã presidencial.
Mesmo ocupando as manchetes de todos os jornais e levando juristas respeitados de todo o país a afirmarem categoricamente que o teor da gravação é assustador, já que desnuda um esquema de banditismo institucional instalado no coração do poder, operado por meio da instrumentalização do aparato do Estado, os fanáticos seguidores da extrema direita brasileira vão a todas as caixas de comentários dos canais noticiosos para dizer que “não tem nada demais ali”.
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A tática é uma antiquíssima conhecida: os líderes do bolsonarismo vão a seus perfis e gravam vídeos, ou fazem postagens, minimizando um descalabro, como foi o caso desta vez de Flávio Bolsonaro e do próprio Alexandre Ramagem, autor do grampo clandestino na reunião, para quem então os seguidores reverberem e repitam cinicamente as desculpas esfarrapadas, em meio a “gargalhadas” digitadas ou memes que retratam Bolsonaro e seus filhos como santos intocáveis, contra quem só há “narrativas”, o vocábulo repetitivo que já se tornou nauseabundo de tanto que foi banalizado por essa franja de extremistas acríticos e manipulados.
“Era isso a bomba? Kkkkkk”, “Esperamos mais de uma semana para um áudio que não mostra nada” e “Foi bom divulgar a gravação porque ela inclusive mostra que Bolsonaro é inocente” foram alguns dos comentários que entupiram as caixas de comentários dos principais veículos jornalísticos do Brasil, desde a mídia hegemônica até os portais e publicações independentes mais reconhecidos.
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A reação não é novidade. Desde os primeiros escândalos absurdos e estrondosos que envolveram Jair Bolsonaro, seus filhos e correligionários, como a reunião ministerial gravada durante a pandemia, os vídeos e o inquérito demonstrando inequivocamente o furto de joias dos Estado para serem vendidos no exterior, e até mesmo nos volumosos casos de rachadinha que envolvem a família, o esquema é sempre o mesmo, com lideranças dando justificativas risíveis e tolas e a bolha repercutindo massivamente as bobagens como sinal de inocência e transparência dos acusados.