A procuradora Thaméa Danelon, que atuou na operação Lava Jato em São Paulo, recebeu uma punição disciplinar de censura do Conselho Superior da Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta semana.
A medida é simbólica e tem o efeito de advertência sobre a procuradora, acusada de quebra de decoro da sua função. O Conselho da PGR, por sua vez, tem justamente essa prerrogativa de ser um agente regulador da atividade dos procuradores do Ministério Público Federal. A punição só terá maiores efeitos punitivos caso se some a outros processos disciplinares.
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Thaméa Danelon é acusada de quebrar o decoro da função ao participar de entrevistas em que emitiu opiniões pessoais sobre processos que tramitam no Supremo Tribunal Federal. Entre outras coisas, ela fez críticas aos ministros embasadas por proselitismo ideológico bolsonarista.
Um dos processos criticados pela procuradora é aquele que levou para a cadeia o ex-deputado federal Daniel Silveira, à época no PTB de Roberto Jefferson e hoje sem partido. Também foram levantadas declarações de Danelon em que criticava decisões do STF contrárias à Lava Jato.
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Paulo Gonet, o procurador-geral da República, votou pela punição disciplinar e foi acompanhado por outros seis conselheiros. Outros três votaram pela absolvição da procuradora.
O subprocurador-geral Mário Bonsaglia, relator do projeto, defendeu que por se tratar de ano eleitoral, a punição poderia ajudar a traçar os limites da atuação dos procuradores. Ele defendeu que a categoria não se trata de “cidadãos comuns que podem falar livremente”, mas de pessoas “marcadas pela indissociabilidade” com o cargo no Ministério Público.
A defesa da procuradora alegou que Danelon agiu dentro dos limites da liberdade de expressão e que não cometeu nenhuma infração.
Colunista do Terça Livre
Em 2021, após o fim da operação Lava Jato em fevereiro daquele ano, Thaméa Danelon foi lançada como a “nova colunista” do site Terça Livre, do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que hoje está foragido e vive nos EUA.
Naquela época, conforme noticiado por Reinaldo Azevedo, no Uol, Danelon foi uma das responsáveis por difundir a fake news de que o atleta dinamarquês Christian Eriksen, que sofreu um mal-estar durante a partida da sua seleção, teria sofrido efeitos colaterais da vacina da Pfizer contra a Covid-19.
Ela também já disse que o inquérito das fake news seria ilegal e chegou a articular o impeachment do ministro Augusto Aras, do Supremo Tribunal Federal, em 2019. O magistrado estaria a ponto de nomear a própria procuradora como coordenadora da Lava Jato em São Paulo.