Em entrevista ao portal Uol, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse acreditar que uma mudança no ambiente político interno e externo, com um eventual triunfo de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, poderia ser o gatilho para devolver seu pai à corrida presidencial.
"Olha, tem muita água para passar embaixo desta ponte. Você fala 'Eduardo, é certeza'? Com certeza não é", diz ele ao repórter Felipe Pereira. "Mas uma crise se aprofundando [no Brasil], uma eleição nos Estados Unidos com Trump... Porque a eleição nos Estados Unidos vai afetar o resto da região. Temos aqui [na América do Sul países] que não são de esquerda: Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador."
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Segundo o parlamentar, "se os Estados Unidos, que são o farol da região, mudarem, vai asfaltar o caminho para muita coisa". Ele conta ainda que a proximidade com o republicano facilitou sua aproximação com outros segmentos da extrema direita mundial, embora ele recuse o termo "extrema".
"Depois de se aproximar do entorno do Trump, da família do Trump, você começa a ter notoriedade. O Trump me recebeu, aí eu fui à Hungria e o Viktor Orbán [primeiro-ministro] me recebeu. As portas foram se abrindo", avalia.
Ele não deixou de expressar sua admiração pelo ex-presidente dos EUA. "Teve muita sinergia, porque ele basicamente fazia tudo que meu pai faz: apoio à polícia, redução de taxas de tributos, etc. Então, surgiu uma agenda convergente. Peguei amizade com os assessores dele, com o filho dele, o Don Junior [Donald Trump Junior]."
A inelegibilidade de Bolsonaro
Em junho de 2023, Jair Bolsonaro foi considerado inelegível por oito anos pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por 5 votos a 2. A Corte reconheceu a prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros em 18 de julho de 2022.
Em outubro do ano passado, pelo mesmo placar de 5 a 2, o TSE condenou Bolsonaro e também Walter Braga Netto (PL) por abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência, realizadas no dia 7 de setembro de 2022.
Em entrevista à CNN Portugal, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse considerar "muito difícil" a possibilidade de reversão da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, que recorreu à Corte contra as decisões tomadas pelo TSE.
"Acho muito difícil. Vamos aguardar a deliberação do tribunal, mas tudo tende a manter a decisão que já foi tomada, essa tem sido a rotina em casos semelhantes", afirmou Mendes.