FASCISMO BOLSONARISTA

Bolsonarista, capitão do Exército atua em lobby para escolas militares; Ong já faturou R$ 11 mi

Suplente de deputado federal pelo PL, o capitão do Exército Davi Lima Sousa criou a Abemil, que fatura milhões com contratos sem licitação com prefeituras, em 2019, após Bolsonaro instituir o programa de escolas militares.

Capitão Davi Lima Souza com Braga Netto e Jair Bolsonaro.Créditos: Instagram
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Por trás da questão "ideológica" que fez com que Jair Bolsonaro (PL) criasse em 2019 o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (PECIM), levado a cabo por governadores aliados, como Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-SP), há um esquema milionário, que já faturou mais de R$ 11 milhões em contratos sem licitação, comandado pelo Capitão do Exército Davi Lima Sousa, suplente a deputado federal pelo PL.

A informação foi divulgada nesta segunda-feira (3) em reportagem de Jessica Bernardo e Luiz Vassallo no portal Metrópoles.

No mesmo ano em que Bolsonaro lançou o programa de militarização das escolas, o militar, ainda na ativa e lotado no Comando do Exército, fundou a Associação Brasileira de Educação Cívico-Milita (Abemil), organização não-governamental (ONG) com a missão de implementar escolas cívico-militares.

O capitão já havia disputado uma eleição para deputado distrital em 2018 pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC) e voltou a se candidatar em 2022 pelo PL, de Bolsonaro, quando ficou com a vaga de suplente pelo Distrito Federal.

Sousa passou para a reserva em 2020 com a patente de capitão, o que lhe garante um salário mensal bruto de R$ 22.603,95. Mas, agora tem como ocupação o lobby para instalação das chamadas escolas cívico-militares, garantindo contratos milionários, sem licitação, para a ONG, que já acumula R$ 11 milhões com 10 prefeituras no país.

Lobista de Bolsonaro

Em seu site, a ONG do Capitão Davi oferece uma espécie de receita de bolo para que vereadores bolsonaristas pressionem prefeituras a implantarem as escolas cívico-militares.

Após a criação de lei municipal, instituindo no município o "Modelo de Escola Cívico-Militar", a Abemil entra em campo e faz um convênio, sem licitação, com a prefeitura para enviar "ma minuta de Projeto Político Pedagógico (PPP) e de regimento da escola cívico-militar para a devida adequação ao projeto".

No último dia 27, Sousa este em São Paulo no ato de lançamento do programa de escolas cívico-militares pelo governador Tarcísio de Freitas. Na ocasião, alunos da escola instalada em Lins, com a "consultoria" da Abemil, estavam presentes.

A cidade é administrada pelo delegado de polícia João Pandolfi (PSD), bolsonarista, que já pagou R$ 598 mil a Ong do capitão, em contrato sem licitação prorrogado duas vezes - a previsão é pagar R$ 1,9 milhão à associação até 2025, quando termina o contrato.

Indagada pelo Metrópoles, a prefeitura não informou quais os serviços foram prestados pela ONG. O extrato do contrato diz que os pagamentos são para “implementação” do modelo cívico-militar na área de “recursos humanos” e “atividades educacionais e administrativas”. O esquema se repete em outras nove cidades. 

"Tabuleiro ideológico"

Nas redes sociais, capitão Davi Lima Sousa ataca o governo Lula, propaga pautas do bolsonarismo e defende as escolas cívico-militares, que lhe garante vultosos contratos sem licitação, como peça para combater no "tabuleiro ideológico".

“Eles, na verdade, só querem que seu filho seja uma peça do tabuleiro ideológico deles. Por isso, temem o grande avanço das Escolas Cívico-Militares. Vamos cuidar bem de nossos filhos”, escreveu em uma publicação em que divulga um vídeo de crianças cantando uma música contra o genocídio sionista em Gaza.

O militar ainda divulga vídeos sensacionalistas para conquistas adeptos às escolas, além de fotos ao lado de Bolsonaro e do general Walter Braga Netto.