O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a defender a regulação das redes sociais, neste domingo (23), em evento na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ele afirmou que sem tal medida, o "mundo vai desabar em um abismo de ódio".
Para o ministro, o mundo se "tribalizou" por conta das plataformas em que as pessoas "vivem em seu viés de confirmação, sempre lendo as mesmas coisas e se radicalizando".
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“Precisamos regular as plataformas digitais neste mundo que se tribalizou por conta dessas plataformas em que as pessoas vivem no seu viés de confirmação, sempre lendo as mesmas coisas e se radicalizando. Em um mundo em que a imprensa sofreu uma crise no seu modelo de negócios, nós perdemos esse espaço importante de criação de fatos comuns sobre os quais as pessoas formem as suas próprias opiniões", disse.
O ministro ainda afirmou que “o modelo de negócio das plataformas é o ódio, a desinformação, o sensacionalismo, a agressividade e a ofensa", que geram mais engajamento do que a fala moderada. "Portanto, há um certo incentivo perverso a disseminar o que não é bom porque o que é bom traz menos receita. Por isso que tem que regular", defendeu.
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Para ele, se o incentivo natural é negativo, é necessário ter um contra incentivo, “se não, o mundo vai desabar num abismo de ódio, de desinformação, de mentiras, porque isso é que traz engajamento”.
Barroso ainda acrescentou que o mundo das plataformas digitais acabou criando "tribos" com narrativas próprias e que já não compartilham mais os mesmos fatos. "Isso é muito grave", afirmou. "Nós precisamos fazer com que mentir volte a ser errado de novo".
O evento em Oxford, "Brasil Forum UK", foi voltado ao debate sobre as plataformas digitais e organizado por estudantes brasileiros. O ministro esteve presente no sábado (22) e no domingo (23).
PL das Fake News
Atualmente, a Câmara dos Deputados discute o Projeto de Lei 2630, chamado de "PL das Fake News", que busca regular as plataformas digitais para conter a desinformação. Porém, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), retornou o debate à escala zero ao criar um novo grupo de trabalho para reiniciar a discussão do projeto.
Lira, no entanto, ainda não oficializou a criação do GT e interrompeu o avanço do PL, de autoria do Orlando Silva (PCdoB-SP).