O pastor Silas Malafaia se juntou a parlamentares das bancadas Católica e Evangélica nesta quarta-feira (19) na Câmara dos Deputados em defesa do PL do Estupro, que equipara a prática de aborto após 22 semanas de gravidez a um homicídio, e prevê penas maiores para vítimas que abortarem do que aos próprios estupradores.
Os parlamentares organizaram o ato para a posição da bancada sobre a matéria e protestar contra o presidente Arthur Lira (PP-AL), que determinou a formação de uma comissão representativa para debater o texto. Os fundamentalistas religiosos têm pressa e não querem esperar o assunto esfriar. Querem votar logo, pois estão perdendo apoios.
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Após o ato dos parlamentares, Malafaia resumiu a jornalistas os argumentos utilizados pelos fundamentalistas. Um desses argumentos, inclusive, tenta desconstruir o próprio caráter fundamentalista do posicionamento dessas lideranças. Malafaia tenta ligar a necessidade de incluir a necessidade de aprovar esse projeto ao campo da ciência.
“Quem é que trouxe o questionamento de que uma mulher não pode abortar a partir de 5 meses e meio? Por algum acaso foi pastor? Por algum acaso foi religioso? Foi o Conselho Federal de Medicina que baixou uma norma porque de cinco meses e meio em diante, o pequeno bebê está pronto para a vida. E só tem duas maneiras de abortar, o que é escondido para enganar a sociedade: por assistolia, que é um método tão cruel que é proibido de ser usado em animais, eutanásia e pena de morte. E o outro é fazer uma cesárea, tirar o bebê vivo e matar ele vivo fora do útero Será que não é melhor doar? A fila da adoção é monstruosa”, afirmou o pastor
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Ele então tenta, novamente, se esquivar da temática religiosa. No lugar, elabora um breve argumento jurídico para justificar a razão pela qual as penas para o estuprador seriam menores do que para uma vítima de estupro que tenha abortado.
“Não vamos enganar o povo com a falácia de que a pena é maior para o estuprador. A vida é a mãe de todos os direitos. A pena maior no Código Penal é para quem tira a vida. Todas as outras questões criminais vão ter a pena menor", argumentou.
Questionado novamente sobre a questão das penas, Malafaia entrou em contradição. A seguir, não surpreendeu ninguém ao encerrar o assunto de forma confusa, acusando o presidente Lula (PT) de "defender estuprador".
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“Não concordo com isso [pena menor para estuprador]. Pra mim tinha que dar 50 anos de cadeia. Estou aqui fazendo um argumento jurídico. Não estou apoiando pena menor para estuprador. Estou dizendo que quando for para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e uma análise jurídica for feita, vão ver que a vida é o bem maior. Eu não estou protegendo estuprador não, quem protege é o Lula. Mete esse canalha na cadeia”, esbravejou.
Por fim, Malafaia acusou as mulheres de mentirem sobre estupros para que consigam abortar de acordo com a atual legislação.
“Se você mata uma vida que está pronta para viver, o que é? Tem outra classificação? Se você me trouxer uma classificação que está no Código Penal, me informe. Eu não conheço. Até 5 meses e meio uma mulher pode fazer aborto por estupro e até por outras coisas. Ela pode mentir”, finalizou Malafaia.