Políticos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro visam lançar pelo menos um candidato "bolsonarista raiz" em cada estado na disputa pelo Senado em 2026. Nestas eleições, haverá a renovação de 2/3 da Casa, estando em jogo 54 das 81 cadeiras.
“Isso já está certo: A coisa mais importante da vida do Bolsonaro é a eleição do Senado. Onde ele puder colocar um bolsonarista ele vai botar. Onde ele não puder botar um bolsonarista que ganhe, que tenha risco de perder, ele vai colocar um aliado”, afirmou o presidente do PP, Ciro Nogueira, ao jornal Valor Ecônomico.
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Segundo matéria do veículo, a articulação está sendo planejada por Nogueira junto com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, envolvendo também o presidente do PP, Ciro Nogueira.
Um exemplo da estratégia seria o precoce lançamento do nome de Eduardo Bolsonaro ao Senado, concorrendo por São Paulo, em um evento realizado pelo PL em Campos do Jordão (SP), no início do mês. "Nosso candidato a senador daqui a dois anos. Isso é o futuro. Não tem ninguém que trabalhe no partido, não tem um político no Brasil que se dedique à causa como Eduardo Bolsonaro. Nunca vi isso na minha vida. E olhe que eu já vi muita gente", disse Valdemar Costa Neto na ocasião.
Outro possível nome para a disputa é o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), cotada para concorrer pelo Distrito Federal, mas que poderia mudar de domicílio eleitoral e concorrer por outra unidade da federação. A estratégia de transferir candidatos para outros estados também pode ser aplicada a Hélio Lopes (PL-RJ), que em 2018 se elegeu utilizando o sobrenome da família, e que poderia disputar uma vaga por um estado da região Norte. O ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) poderia seguir trajetória semelhante.
As eleições municipais como caminho para 2026
Os bolsonaristas devem utilizar as eleições municipais de 2024 como caminho para viabilizar nomes para a eleição do Senado. Reportagem da Folha de S. Paulo aponta que o PL, que não tem força hoje nas principais cidades da região Nordeste, quer estruturar diretórios locais e identificar possíveis candidatos para difundir seus ideais conservadoras e expandir sua base política na região. O objetivo é chegar com força na disputa de 2026.
"Se você perguntar a alguém que mora no interior do meu estado o que ele pensa sobre natalidade, drogas, mérito, propriedade, ele pensa exatamente como nós pensamos, mas vota em Lula. Nós temos uma tarefa que é mostrar a esse eleitor que, na verdade, ele é um eleitor conservador. Que é um eleitor que tem afinidade com o que nós representamos e o que nós defendemos", diz ao jornal o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN). O parlamentar, que é presidente do diretório do Rio Grande do Norte, vai se afastar de seu mandato por quatro meses no segundo semestre para acompanhar o processo de reorganização da legenda.
Com o eleitor podendo votar em dois candidatos ao Senado, muitas vezes não é necessário um percentual elevado para eleger um representante da Casa. Em São Paulo, por exemplo, Mara Gabrilli (PSDB-SP) foi eleita com 18,59% dos votos válidos, Eduardo Girão (à época no PROS, hoje no Novo) conseguiu uma vaga pelo Ceará com 17,09% e Izalci Lucas (PSDB-DF) precisou de 15,33% para chegar ao Senado.
A base bolsonarista mira ao menos uma das vagas do Senado em cada estado, com alguns deles, como Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rondônia e Roraima, por exemplo, podendo preencher, segundo seus cálculos, as duas cadeiras.
Bolsonaro nunca escondeu sua intenção de ampliar a bancada extremista na Casa, que tem como uma de suas atribuições julgar casos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, demanda sempre lembrada em atos e manifestações públicas de apoiadores do ex-presidente.