A colocação de três PLs impopulares para votação relâmpago num mesmo dia, pode ter levado o presidente da Câmara Arthur Lira ao ponto sem retorno do pico da montanha. A tendência agora é de queda, e ela já começou.
Especialmente em protesto contra a aprovação para que fosse tratado com urgência o PL 1904/23, já conhecido como o PL dos Estupradores.
Machista inveterado, Arthur Lira desprezou a força das mulheres e elas responderam nas ruas, em convocação relâmpago de marchas contra o PL e, para desgraça de Lira, ecoando a nova palavra de ordem: "Fora Lira".
As marchas começaram na quinta, 14, com grandes concentrações em São Paulo, Rio, Minas. E elas se estendem pelo final de semana, com eventos marcados por todo o Brasil.
Fora Cunha
Exatamente como aconteceu com o à época todo poderoso presidente da Câmara, e padrinho político de Lira, Eduardo Cunha.
Assim como Lira agora, Cunha resolveu desafiar as mulheres como autor do PL 5069/2013, que foi aprovado pela Comissão de Constituição Justiça e Cidadania, como o PL 1904/24 agora.
A reação foi a mesma: mulheres tomaram as ruas em protesto e lançando a palavra de ordem "Fora Cunha".
“Fora Cunha” foi a palavra de ordem de mais de 5 mil mulheres em protesto na Avenida Paulista, na última sexta (30), em São Paulo. Crianças, homens e mulheres com faixas e batucadas pediam o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
O PL 5069 criminaliza mulheres vítimas de violência sexual e prevê pena para qualquer pessoa que orientar método contraceptivo ou mesmo o aborto legal, permitido em caso de estupro ou por fetos anencefálicos, previsto na Lei número 2.848 de 07 de dezembro de 1940.
“Não podemos aceitar de braços cruzados o que está sendo proposto nesse projeto, que além de punir a mulher com a negação do atendimento de saúde, ela ainda terá de provar o estupro”, explicou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT São Paulo e enfermeira, Ana Firmino. [CUT]
A partir dali o poder de Eduardo Cunha desceu ladeira abaixo. Ele só não foi tirado do poder porque era peça fundamental do impeachment da presidenta Dilma.
Mas, assim que a autorização para o processo de impeachment foi concedida pela Câmara, em 17 de abril de 2016, o destino de Eduardo Cunha foi selado. Em 6 de maio, o STF determinou seu afastamento da presidência da Câmara. Em 12 de setembro, foi cassado e tornado inelegível até 2026, exatos doze dias após o impeachment de Dilma, em 31 de agosto. Usado e descartado.
A queda de Lira começou agora.
"Fora Lira" nas ruas
Confira as manifestações marcadas (algumas já realizadas)