Atuando nos bastidores para emplacar o regime de urgência e a votação do PL 1.904/2024, que prevê a equiparação do aborto ao homicídio caso a gestação já esteja com mais de 22 semanas, o pastor Silas Malafaia busca se colocar distante da proposta em seus surtos falso-moralistas nas redes e aproveita para faturar vendendo mais um tour "por Israel, Egito, Jordânia e Dubai" por parcos R$ 28.158 por cabeça de fiel.
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"Ao caminhar pelas ruas históricas de Jerusalém, você estará pisando onde Jesus andou, ensinou e realizou milagres, permitindo que a narrativa bíblica ganhe vida diante dos seus olhos", diz o texto que vende a "caravana", com imagem gigante do pastor midiático, aos fiéis extremistas.
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O "conselheiro espiritual" de Jair Bolsonaro (PL) atua em conjunto com seu "poste", o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), para tentar impor a versão fascista na guerra de narrativas em torno do PL dos Estupradores diante da reação da sociedade, que foi às ruas e agora pede CPI das Igrejas, para que sejam investigadas as motivações político-partidárias por trás da proposta.
Após escancarar a verdadeira motivação do PL - "quero aprovar esse projeto para ver se ele [Lula] vai sancionar ou se vai vetar" -, Sóstenes Cavalcante sentiu a pressão da sociedade e anunciou um remendo surreal por meio das redes sociais.
No fim da noite desta quinta-feira (14), o "poste" de Malafaia foi às redes para revelar que pedirá uma mudança no projeto, que prevê pena de até 20 anos para mulheres e crianças que fizerem aborto, mesmo após terem sido estupradas.
"Como autor do projeto PL 1.904/2024 também vou propor ao projeto o aumento da pena do crime de estupro para 30 anos. Vou continuar fazendo o meu trabalho e lutando a favor, da vida e da família", escreveu Cavalcante.
A medida, no entanto, não ameniza a criminalização das mulheres e crianças vítimas de estupro que engravidarem.
Ataque a Lula e sucessão na Câmara
Por trás da aprovação relâmpago - em 23 segundos - do regime de urgência colocado na pauta pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se encontra uma politicagem ardilosa, costurada por Malafaia, Bolsonaro, o deputado alagoano e Cavalcante, com vistas à sucessão da casa e, principalmente, para tentar achacar Lula com a chamada "pauta moral" - que, na verdade, são pautas de Direitos Humanos.
O PL foi protocolado por Cavalcante no dia 17 de maio, em meio às negociatas de Bolsonaro e Lira para a sucessão da casa. O ex-presidente condicionou os votos dos 95 deputados do PL ao candidato apoiado por Lira à imposição de uma "pauta de costumes" na Câmara, a um projeto de anistia a ele próprio e projetos que desgastem ainda mais Lula e o governo - em uma reedição das pautas-bomba de Eduardo Cunha (ex-MDB) no golpe contra Dilma Rousseff (PT).
Elmar Nascimento (União-BA), que nutre ódio ao governo por ter sido preterido na formação do Ministério, é o principal candidato de Lira e já teria topado pautar a anistia a Bolsonaro.
Com o PL, tocado em regime de urgência, Malafaia manipula seu "poste" e a bancada fundamentalista - o projeto é assinado por outros 31 deputados, entre eles Eduardo Bolsonaro (PL) e Nikolas Ferreira - para impor a guerra em torno de temas polêmicos, que incendeiam a horda bolsonarista nas redes, como a mentira sobre a legalização do aborto.
Além disso, Malafaia e Bolsonaro abrem negociata com Lira para colocar Cavalcante como candidato à vice-presidência da mesa diretora na chapa costurada pelo alagoano.
Malafaia já havia tentado emplacar Sóstenes na vice de Lira em 2022, após dar um golpe bancada comandada pelo rival Samuel Ferreira, que comanda a Assembleia de Deus no Brás – Ministério de Madureira.
No entanto, o posto acabou sendo ocupado por Marcos Pereira, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e presidente do Republicanos.
A aprovação relâmpago do regime de urgência do PL dos Estupradores, em menos de um mês após ter sido protocolado, mostra o conluio perverso entre Bolsonaro, Lira e Malafaia, que buscam antecipar 2026 propagando terror e ódio na sociedade.