Nas últimas quatro eleições, o apresentador José Luiz Datena chegou a ser apontado como possível candidato à Prefeitura ou ao governo de São Paulo, e em todos os casos acabou desistindo da disputa. Mas, dessa vez, aparentemente, pode ser diferente. Ele foi lançado nesta quinta-feira (13) como pré-candidato ao cargo máximo da maior cidade pelo PSDB e prometeu que irá até o final na disputa.
“Realmente sinto que tenho mais responsabilidade nessa campanha do que nas anteriores. Dessa vez, vou até o fim”, prometeu Datena.
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Ele agora tem até 30 de junho para deixar seu programa na TV Bandeirantes, pois, de acordo com a Lei Eleitoral, não poderá estar presente nos meios de comunicação na condição de apresentador. Também precisa ter seu nome homologado em convenção partidária.
O apresentador, famoso pelos seus programas policialescos e sensacionalistas que possuem enorme audiência na capital paulista, é a principal aposta dos tucanos para sobreviver em São Paulo, seu último bastião. O partido, que outrora segurou a Presidência da República e foi a principal organização de oposição ao PT, perdeu espaço com a ascensão do bolsonarismo. Atualmente, encontra-se em franca decadência.
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O alerta soou para os tucanos já no primeiro turno das eleições de 2018, quando seu candidato, Geraldo Alckmin (atualmente no PSB e vice-presidente da República), obteve meros 4,7% de votos. Ele, que era um dos favoritos a ir para o segundo turno, perdeu para Jair Bolsonaro (PSL; 46%), Fernando Haddad (PT; 30%) e até para Ciro Gomes (PDT; 12,4%).
Na capital paulista, o partido chegou a eleger Bruno Covas em 2020, mas o então prefeito faleceu vítima de câncer e o cargo acabou indo para seu vice, Ricardo Nunes (MDB). Com o cargo, também foram todos os vereadores eleitos pela legenda que hoje apoiam a reeleição do emedebista.
Com Datena, o partido aposta que possa roubar votos tanto de Nunes como de Guilherme Boulos (Psol), os dois candidatos melhores colocados na pesquisa. Datena tem um perfil que agrada a setores tanto do centro como da periferia. Sua voz firme e incisiva na denúncia de “bandidos” que aprontam pelas ruas da cidade atrai aquelas pessoas que estão indignadas.
Como apontou o antropólogo Orlando Calheiros em matéria publicada em março na Fórum, “o corporativismo que isenta o militar de suas ações é o que faz com que a gente viva numa sociedade que discute abertamente a possibilidade do massacre e da barbárie. Mas não é apenas discussão, há também pessoas que se elegem promovendo essa barbárie”. E bem, o programa de Datena na Bandeirantes é basicamente sobre isso.
Recentemente, a popularidade do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aumentou na Baixada Santista após quase uma centena de mortos nas operações Escudo e Verão, entre 2023 e 2024. Fora do Brasil, vemos um cenário semelhante no Equador, onde após dois meses de “conflito armado interno”, 12 mil prisões e algumas execuções extrajudiciais, a popularidade do presidente Daniel Noboa também subiu. Em ambos os casos, os políticos chegaram perto dos 80% de aprovação.
Datena chegou a ser cogitado como vice de Tabata Amaral (PSB) e até se filiou à legenda da candidata. Mas, em abril, desistiu do projeto e foi para o PSDB. De início, pensava-se numa coligação entre PSB e PSDB, mas os tucanos preferiram lançar uma candidatura própria.
O evento em que Datena se lançou candidato pelos tucanos teve a presença de figurões do partido, como o deputado federal Aécio Neves (MG) e os presidentes da legenda Marconi Perillo, Paulo Serra e José Aníbal – lideranças em níveis nacional, estadual e municipal, respectivamente.