RIO GRANDE DO SUL

Governo do RS libera aulas em cidades com alerta de chuvas intensas nos próximos dias

Aulas foram permitidas em municípios não afetados pelas enchentes, mas previsões alertam para chuvas de grande proporções em alguns deles; sindicato dos professores protesta

Inmet e MetSul emitem alertas de chuvas intensas para extremo-sul do estado.Créditos: Divulgação/Defesa Civil
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Apesar do Rio Grande do Sul enfrentar sua pior tragédia climática nos últimos dias, a Secretaria da Educação (Seduc) da Rede Estadual liberou a retomada gradual das aulas em alguns municípios menos afetados pelas enchentes e que não sofreram danos de infraestrutura.

No primeiro comunicado, emitido no domingo (5), às 19h45min, as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) de Uruguaiana (10ª); Osório (11ª); Erechim (15ª); Rio Grande (18ª); Palmeira das Missões (20ª); Três Passos (21ª); São Luiz Gonzaga (32ª); São Borja (35ª) e Ijuí (36ª) podiam retomar as aulas. 

Já em comunicado nesta segunda-feira (6) às 21h, foram incluídas as cidades de Caxias do Sul (4ª CRE), Pelotas (5ª), Santa Cruz do Sul (6ª), Passo Fundo (7ª), Santa Maria (8ª), Cruz Alta (9ª), Bagé (13ª), Santo Ângelo (14ª), Bento Gonçalves (16ª), Santa Rosa (17ª), Santana do Livramento (19ª), Vacaria (23ª), Soledade (25ª) e Carazinho (39ª).

No entanto, na segunda, às 15h46, o Instituto Nacional de Meteorologia emitiu um informativo meteorológico da semana, informando a formação de instabilidades em áreas do extremo sul do Rio Grande do Sul, onde estão localizados alguns dos municípios, como Rio Grande e Pelotas.

Nesta quarta-feira (8), o MetSul Meteorologia emitiu um alerta de enchentes de grandes proporções ao sul do estado, especialmente em Pelotas e Rio Grande. "A água alcançará locais em que jamais chegou em Pelotas e Rio Grande. Lagoas dos Patos e Mirim podem “emendar” em um só corpo d’água", diz o comunicado. 

"A vazão recorde equivale à cheia decamilenar da barragem, ou seja, o que poderia se esperar em recorrência estimada uma vez a cada dez mil anos, portanto a quantidade de água que avança pela Lagoa dos Patos é extraordinária e jamais vista", acrescenta.

Segundo o governo do RS, a prioridade nas escolas, neste primeiro momento, é realizar o acolhimento da comunidade escolar e "criar um espaço para refletir sobre situações vivenciadas pelos estudantes para promover empatia e a solidariedade". A decisão da retomada das aulas foi decidida em reunião com 30 coordenadores regionais de educação.

Começo das chuvas no RS

De acordo com a linha cronológica de avisos para chuvas intensas emitidos por institutos meteorológicos como Inmet e MetSul e ações do governo do estado, de Eduardo Leite (PSDB), houve uma demora de pelo menos três dias para o início de comunicados oficiais

Ainda no dia 24 de abril, o Inmet emitiu um boletim alertando que "para o estado gaúcho são previstos volumes de chuva entre 50 e 100 milímetros (mm) sendo que, em áreas do sul do estado, o volume pode superar os 100 mm". Além disso, o instituto também acrescentou que devido à "persistência dessa instabilidade, de hoje até até o dia 2 de maio, pode acumular volumes de chuva acima dos 200 mm, acompanhados de trovoadas e rajadas de vento, especialmente em áreas desses dois estados, podendo causar impactos na população.

Já no dia 27, sábado, o MetSul publicou: "Frente fria causa estragos no Rio Grande do Sul com chuva de até 180 mm, vendavais e granizo. Há centenas de casas destelhadas no interior. Alertamos que o risco de tempo severo segue em parte do estado".

No domingo (28), o MetSul publicou novamente um alerta e afirmou que "cenas de 2023 de cidades alagadas vão se repetir". Ainda neste dia, a Defesa Civil registrou impactos em 15 municípios por conta da chuva no dia anterior.

Na segunda-feira, dia 29, o Inmet emite alerta vermelho para o Rio Grande do Sul, e a Defesa Civil emite alertas de inundação. No dia, o município do Vale do Taquari registra sua primeira enchente:

No final da noite, o governador Eduardo Leite finalmente publica um vídeo em que comunica sobre as chuvas. 

Posicionamento do sindicato

Em entrevista à Fórum, a Presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS), Helenir Aguiar Schürer, demonstrou preocupação com a liberação das aulas e afirmou que o sindicato está em contato para tentar suspender a decisão.

"Nós da direção do CPERS estamos acompanhando com muita preocupação tudo que está acontecendo no estado, principalmente o retorno às aulas onde ainda temos reflexo do que aconteceu ou, principalmente, na região sul do estado, como em Rio Grande, Pelotas, Uruguaiana, na região que o rio Uruguai desce as águas agora ou aquelas que o Guaíba manda para a Lagoa dos Patos", diz.

O Estado tem que ter no mínimo a consciência de que muitos alunos estão em abrigos fora das suas comunidades. Nós temos professores e funcionários que perderam absolutamente tudo. Como essas pessoas podem ser chamadas para retomar as aulas sem as mínimas condições psicológicas?

A coordenadora também explica que há professores que não moram nas regiões onde as aulas foram liberadas, mas em cidades que foram atingidas pelas enchentes. Ela afirma que já tem movimentos para pedir para que o governo do estado suspenda as aulas e antecipe as férias de julho. Helenir também defende que é preciso pelo menos duas semanas em localidades que não foram atingidas pelas enchentes para que professores, funcionários e toda a comunidade escolar possam minimamente reorganizar suas vidas para poderem retornar. 

"Este momento é de solidariedade e humanidade, então espero que o bom senso realmente seja priorizado neste momento", finalizou.