MORALISMO EXACERBADO

Divergências sobre show da Madonna pouco importam ao povo brasileiro, critica Requião Filho

Deputado estadual abordou as críticas ao espetáculo musical na capital carioca, diante da tragédia que acomete o Rio Grande do Sul

O deputado estadual paranaense Roberto Requião Filho.Créditos: Eduardo Matysiak
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Em uma sessão marcada por debates na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) nesta segunda-feira (6), o deputado Requião Filho (PT), líder da oposição, trouxe à tona uma discussão que parece distante dos problemas urgentes enfrentados pelos brasileiros. Com o Rio Grande do Sul enfrentando uma das piores tragédias de sua história, o parlamentar criticou duramente a atenção dada a temas como o recente show da Madonna no Rio de Janeiro, no último sábado (5).

“O show da Madonna resolveu o problema do Brasil e curou as divergências identitárias do país? Não. Agravou a tragédia no RS? Não. Devolveu a minha bandeira ou a camiseta canarinho? Não. Foi apenas um show da Madonna, simples assim! Quem não a conhecia, se assustou, mas os shows dela sempre foram assim e o que a tornaram o que ela é hoje. Só isso. Agora virem a página”, falou o deputado.

Crítica à distração do debate público

O parlamentar se referiu ao excesso de problemas enfrentados pelo país, para que os discursos políticos sejam tomados por discussões tolas, moralistas e sem sentido. Aproveitou o ensejo e provocou uma correção em fala de outro deputado que o antecedeu, que acusava erroneamente o Governo Federal de proibir acesso a diferentes religiões em presídios e penitenciárias.

“Segundo o decreto mencionado, o texto não proíbe e sim garante a prática de todas as religiões. Aliás, oferecer isso aos presos, para quem está privado de liberdade, é uma atividade altamente necessária, ajuda na ressocialização, no sentido de pertencimento, mas desde que sejam todas as religiões”, comentou.

 A voz da razão em meio à controvérsia

Em um aparte, a deputada Ana Júlia (PT) reforçou as críticas ao que chamou de "falso moralismo", mencionando especificamente a dinâmica política e econômica por trás do show da Madonna, que foi financiado inteiramente por empresas privadas sem envolvimento de recursos federais. “O Governo do Estado do Rio de Janeiro é do PL, o prefeito do Rio de Janeiro é do PSD, e não teve recurso nenhum do governo federal, foram duas empresas privadas que trouxeram o show”, destacou.

Ana Júlia complementou: "É de fato fazer um caldeirão, misturar as coisas e colocar a culpa de coisas que não têm nada a ver com nada, e quem gosta do show da Madonna assiste, quem não gosta, desliga a televisão, não vai ao show, não participa."

Foco no essencial

“O que nós temos são notícias que servem para divertir e para desviar a atenção dos problemas reais que temos no Brasil, a desgraça que acomete o Rio Grande do Sul, os problemas econômicos do país, os posicionamentos da nossa classe política em relação aos cidadãos brasileiros. Deveríamos estar aqui discutindo emprego, segurança, o papel do estado para atender o povo, e deixar essa pauta moral de lado, porque ela só aumenta a divergência entre os brasileiros ao invés de construir uma união”, finalizou Requião Filho.

Com essas palavras, os deputados da oposição na Alep evidenciam sua preocupação com a distração causada por debates superficiais e insistem na urgência de abordar os verdadeiros desafios que afligem o Brasil, especialmente em tempos de crise evidente.